Nossas saudações aos bispos de são Félix do Araguaia (MT), Pedro Casaldaliga e de Goiás, Tomás Balduíno, que recebem 2ª feira, muito merecidamente, o Prêmio Direitos Humanos pela luta que travaram em prol da causa indígena. O prêmio, que está em sua 18ª edição, anualmente é atribuído pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, foi entregue no Palácio do Itamaraty pela ministra Maria do Rosário.
Uma justa homenagem, sem dúvidas, aos dois. Casaldaliga dedicou boa parte dos seus 84 anos à defesa dos povos indígenas. Adepto da Teologia da Libertação, sofreu ameaças de morte, sem falar das tentativas de extradição durante a ditadura militar. Sua luta em nosso país começa em 1968, quando por aqui chegou (nasceu em Barcelona). Dois anos depois assumia a prelazia de São Félix do Araguaia (MT), palco de grandes conflitos indígenas.
Sempre do lado dos mais desfavorecidos, Casaldaliga colocou em prática o lema de “nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar”. com uma trajetória de firme resistência em favor dos mais fracos, dom casaldaliga é também autor de obras excelentes sobre antropologia, sociologia, ecologia e, também, poesia, que merecem ser lidas e relidas.
Casaldaliga, por conta de ameaças, foi obrigado a retirar-se de sua casa quando o clima ficou tenso após uma decisão judicial favorável aos Xavantes. Não foi a primeira vez. Em 1976, ele estava ao lado do padre jesuíta João Bosco Penido Burnier, em defesa das mulheres torturadas em uma delegacia local. Padre Burnier foi alvejado com um tiro na nuca. Apenas em 2005, Casadaliga se afastou da prezalia por problemas de saúde.
Dois gigantes dos Direitos Humanos
Já em relação ao bispo Tomás Balduíno, os mais jovens que militam pró-direitos humanos, muito provavelmente, conhecem sua luta. Em 1997-1999, ele presidiu a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Poucos sabem, porém, que foi um dos fundadores da entidade que, sem dúvidas, realiza um dos mais importantes trabalhos na defesa dos direitos humanos neste país.
Tomás Balduíno nasceu em Goiás, foi professor de Filosofia em Uberaba e de 1956 a 1964, foi o superior da Missão Dominicana e pároco em Conceição do Araguaia. Foi neste período que teve contato com a dura realidade dos povos indígenas, abraçando esta causa pela qual luta até hoje.
Em 1972, em plena ditadura militar, o bispo Balduíno foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e três anos depois, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Hoje, Balduíno é bispo-emérito (aposentado) de Goiás. Dois gigantes dos direitos humanos neste país.
Dilma destaca a importância do Prêmio
Para um auditório lotado de convidados que aplaudiram de pé aos 17 contemplados com o prêmio nesta edição, Dilma falou da importância da atuação dessas pessoas e entidades pelo fim das violações aos direitos humanos no país. “Me orgulho em ser contemporânea de Dom Tomás Balduíno e Dom Pedro Casaldáliga, esses dois homens que o Brasil aprendeu a admirar”, disse a presidenta, referindo-se aos dois homenageados especiais da premiação, que são considerados grandes defensores dos Direitos Humanos em atuação no brasil.
O Prêmio
O Prêmio Direitos Humanos consiste na mais alta condecoração do governo brasileiro a pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvam ações de destaque na área dos Direitos Humanos.
Confira abaixo a relação dos vencedores desta edição, em suas respectivas categorias:
1 – Categoria Dorothy Stang: Luiz Couto
2 – Educação em Direitos Humanos: Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania de Marília
3 – Mídia e Direitos Humanos: Tim Lopes
4 – Centro de Referência em Direitos Humanos: Movimento das Mães da Cinelândia
5 – Garantia dos Direitos da População em Situação de Rua: Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo
6 – Enfrentamento à Violência: Valdênia Aparecida Paulino Lanfranchi
7 – Enfrentamento à Tortura: Maria Margarida Pressburger
8 – Direito à Memória e à Verdade: Centro de Defesa dos Direitos Humanos – Grupo Ação Justiça e Paz de Petrópolis
9 – Diversidade Religiosa: Pastor Djalma Rosa Torres
10 – Garantia dos Direitos da População LGBT: Grupo Arco-Íris de Cidadania – LGBT
11 – Santa Quitéria do Maranhão: Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza
12 – Erradicação do Trabalho Escravo: Jônatas Andrade
13 – Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente: Obras Sociais do Centro Espírita Irmão Áureo (OSCEIA)
14 – Garantia dos Direitos da Pessoa Idosa: Terezinha Tortelli
15 – Garantia dos Direitos das Pessoas com Deficiência: Alexandre Carvalho Baroni
16 – Homenagem Especial: Dom Tomás Balduíno e Dom Pedro Casaldáliga
17 – Menção Honrosa: Levante Popular da Juventude de São Paulo
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