Chegamos praticamente ao fim de mais um ano, hora de balanço da ação da oposição. Se fizer sua própria avaliação com realismo, a oposição vai chegar a conclusões melancólicas. Vai reconhecer que viveu mais um ano de completo fracasso. Ela atravessou 2012 dividida e entra em 2013 rachada. Prosseguiu sua jornada errante e errática, sem rumo, metas, projetos ou programas para o país.
Ao invés de elaborá-los e defendê-los, preferiu continuar dividida entre os candidatos majoritários de sempre para o Brasil, os que apresenta desde o final do século passado, sem se renovar. Desde o final da década de 80, seja em São Paulo, seja nas eleições majoritárias nacionais (exceção duas em que elegeu FHC), apresenta sempre os mesmos candidatos: José Serra e Geraldo Alckmin.
Saiu com Serra para presidente em 2002 e em 2010, para prefeito de São Paulo em 2004 e governador do Estado em 2006; com Alckmin para governador em 2002, presidente da República em 2006 e prefeito da capital em 2008. Perdeu a grande maioria dessas eleições. O próprio Serra ganhou uma, mas perdeu outras três eleições como candidato a prefeito paulistano, inclusive a deste ano.
Tucanato perdeu as quatro últimas eleições nacionais
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) mais recentemente, a partir dos anos 90, tenta entrar nesse páreo. Tentou ser candidato a presidente em 2010, sem sucesso. Ficou sempre só sonhando e se inviabilizando. Resultado: o tucanato perdeu as quatro últimas eleições nacionais, as de 2002, 2006, 2010 e a deste ano, já que foi derrotado numa eleição que também pode ser considerada nacional, a de prefeito de São Paulo, maior e mais importante cidade do país.
A oposição, além de perder teve de se submeter a ditames de José Serra, da direita do PSDB, que impôs campanhas extremamente infelizes, com temas que nada tinham a ver com uma disputa eleitoral: teve um medo, pânico, em 2002 e 2006, de assumir a privataria que fez nos oito anos de FHC; depois veio com o aborto e a questão da religião em 2010; e ao final, com a questão de gênero, um kit gay que exploraram na campanha deste ano.
Não fez política no sentido exato da palavra. Ficou todo o tempo no denuncismo que lembrava a velha UDN. Ressuscitou o discurso moralista, do puritanismo udenista. Só faltou rondar os quartéis, prática em que a UDN foi mestra. Agora a oposição entra em 2013 com um candidato a presidente já lançado, Aécio Neves; com Alckmin que não fez nada no governo e sequer enfrentou os apagões que infernizam a população paulista - nos transportes, segurança pública, educação, saúde, etc - jogando tudo na própria reeleição; e com Serra como um grande mudo. Só falta Serra querer ser candidato de novo em 2014.
PSDB vê parceiros minguar
Mas isso ele ainda não abre, o que permite um certo fôlego ao senador Aécio Neves - lançado candidato ao Planalto pelo ex-presidente FHC - que nos dois primeiros anos no Senado, ainda não disse a que veio. O mais da oposição continuou o mesmo: o PPS com sua triste sina, história e trajetória de eterna linha auxiliar tucana e o DEM quase dizimado pelo PSD refundado pela terceira vez pelo prefeito Gilberto Kassab.
Resumo dessa ópera: não há como se fazer uma análise de 2012 e dos anos recentes sem registrar resultados muito ruins para a oposição. Realmente, Serra foi fragorosamente derrotado na disputa pela prefeitura paulistana mais uma vez este ano, o balanço do governo Alckmin é ruim, dos piores mesmo, e a atuação do senador Aécio apagada. Isso sem falar nas duas campanhas de direita de José Serra (para a presidência em 2010 e para a prefeitura de São Paulo neste 2012, e do denuncismo - só - com que a oposição pauta sua atuação.
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