Como construir uma sociedade melhor? Muito difícil manter a concentração assim. Como nós podemos pensar em “construir” diante de tantas barbáries e ameaças? Primeiro demoliram o Vivaldo Lima. Além de um desperdício monumental de dinheiro, ignoraram toda a história do Colosso do Norte e o sentimento/apelo da maioria da população de Manaus. Os protestos, pacíficos, foram ignorados. O que importava era o futuro e não o passado! E a Fifa, que não paga nada, vem e impede que o nome do local seja o mesmo. Determina o novo nome e nosso governo, aceita, diferente do governo do Distrito Federal, que brigou e conseguiu manter: Mané Garrincha !
O Ismael Benigno também palco de muita história, no limite dos bairros Glória, São Raimundo e Santo Antônio, está em plena transformação. Tudo novo! Lá pelo menos o nome e o apelido me parece que vão ser mantidos: Estádio da Colina para os mais íntimos.
Exemplos da força de uma Copa do Mundo. É um momento que se sobrepõe ao antes para se eternizar no depois. É ruim mas aceitável, afinal de contas, sem isso, muitas melhorias não chegariam à nossa cidade assim, rapidamente.
Mas o caso que está se desenrolando no lugar que foi durante o maior período de nossa história o palco do futebol amazonense, o Parque Amazonense, é algo inaceitável, inadmissível, incabível. Sob o pretexto de dar segurança à população com o programa Ronda nos Bairros, o governo do estado enfiou a placa informativa e deu início às obras de construção de uma delegacia de polícia no meio do campo. Campo esse que foi abandonado há 40 anos e assumido pelos moradores do bairro Nossa Senhora das Graças, o Beco do Macedo.
Histórico Parque Amazonense
Na verdade, sendo mais profundo nessa análise, a intenção é dar guarida à dezenas de viaturas alugadas para esse programa de segurança. É iniciar a tomada total e definitiva do espaço de mais de 10 mil metros quadrados. O suposto dono (empresário da construção civil) doou uma parte do terreno para o governo do estado e depois o governo do estado retribui, agilizando papeladas e autorizações para construção de três ou quatro prédios habitacionais. É isso! Por trás dessa “boa intenção” travestida de segurança, tem a jogada estratégica para os altos investimentos imobiliários.
E se nada for feito, os manauaras dos bairros da Matinha, Praça 14, São Jorge, Vila Amazonas, Beco do Macedo, Cachoeirinha, São Geraldo, Seringal Mirim vão ver mais um sepultamento de algo importante a eles: O Campo do Parque Amazonense! Tudo na contramão da história. Em São Paulo, o Carandirú foi transformado num amplo espaço de lazer e esportes, o parque da Juventude.
Nossos parlamentares, com raríssimas exceções(Marcelo Ramos), ao invés de se envolverem nesse absurdo, ficam a discutir, debater e votar novos nomes para praças e ruas, homenagens e medalhas de honra etc. Nosso prefeito, preocupado com um relógio de “um ano” não percebeu que o Parque Amazonense é uma vida inteira. Uma não. Várias vidas e gerações! História! Quando o problema ultrapassar a guarita dos condomínios onde eles moram, aí sim, vão repensar.
É isso! Como manter o foco no trabalho construtivo sabendo que tudo pode ser manipuladamente jogado fora? Não dá!
Contudo existe uma oportunidade de desapropriação. O suposto dono da área pede oito milhões de reais pelo imóvel. Nosso governador, se realmente quiser criar oportunidade, vai usar a mesma tabela utilizada na desapropriação das casas do Prosamim e ao invés de delegacia,
vai construir um centro social no Parque Amazonense. Uma delegacia anulando um espaço esportivo é o mesmo que admitir a derrota antes do primeiro jogo da Copa do Mundo.
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