Morador da Vila do Equador, localizada no Município de Rorainópolis, sul de Roraima, o agricultor José Fernandes denunciou que ele e outros moradores da região, entre as vicinais II da região e vicinal II do Matin, estão sendo coagidos e ameaçados por funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) para que deixem o local. O órgão indigenista informou que uma nova tribo isolada foi identificada na região, a etnia Pirititi, e que todos os ocupantes de lotes serão retirados.
“Eles tão entrando de comboio vindo de Manaus [AM], carros cheio de funcionários e dizendo que vão tomar a área, que nós não devemos mais plantar e nem construir mais nada porque a terras são deles”, disse. Conforme o agricultor, são mais de 80 famílias que vivem na região e que estão sendo aterrorizadas pelos funcionários que querem desocupar a área. “Eles fotografam tudo, nossas terras, e dizem que temos que sair do local, pois surgiu uma nova tribo indígena, a Pirititi. Isso não existe”, relatou.
Conforme José Fernandes, a Funai pretende retirá-los do local para ampliar a área indígena próxima à localidade. “O que eles querem é ampliar a área dos Waimiri-Atroari, que vivem lá perto. Querem desapropriar essas pessoas todas documentadas e dar mais de 40 mil hectares de terras para os índios”, destacou.
O agricultor disse que os moradores da região pretendem realizar, na próxima segunda-feira, 24, uma manifestação no local para proibir a entrada dos funcionários que informaram que levariam a documentação para fazer a retirada deles. “Nós não vamos permitir. Ninguém vai nos tirar de lá. Pode ocorrer até um conflito lá, nós não temos medo”, frisou.
FUNAI - A representação da Funai em Boa Vista explicou que a tribo indígena Pirititi foi detectada no final de 2013 na região de Rorainópolis. Conforme o órgão, esses índios são considerados isolados e foram detectados no final do ano passado. A partir deste momento, iniciou-se um processo de intervenção administrativa da área.
“Como são índios isolados, todos os atos produzidos em terras indígenas são considerados nulos quando se identifica uma comunidade isolada. Mesmo que eles [produtores rurais] tenham documentos. Depois haverá uma indenização das benfeitorias”, explicou o órgão. Quanto a coação feita pelos funcionários, a Funai não se pronunciou.
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