O chefe da Polícia Metropolitana de Londres, Paul Stephenson, renunciou neste domingo, após denúncias de que tinha ligação direta com um ex-editor do tabloide "News of the World", do magnata da mídia Rupert Murdoch, suspeito de ter pago propina a policiais em troca de informação.
O comissário-chefe foi duramente criticado nos últimos dias por sua ligação com o ex-editor do "News of the World" Neil Wallis, preso nesta semana em meio às investigações do escândalo.
Stephenson teria contratado Wallis como consultor de relações públicas da polícia por um ano, até setembro de 2010. Wallis trabalhou como editor adjunto do tabloide em 2003 junto com o ex-diretor Andy Coulson antes de ser nomeado diretor executivo em 2007.
Shaun Curry - 12.dez.08/France Presse
Comissário-chefe da polícia londrina, Paul Stephenson, renunciou por vínculos com ex-editor de tabloide.
Em uma declaração pública, Stephenson defendeu suas ações e diz que seus encontros com Wallis, a quem conheceu em 2006, são de registro público. Disse ainda que a relação foi mantida apenas "por propósitos profissionais".
Ele nega ainda que tenha exercido qualquer papel na contratação de Wallis pela polícia londrina.
"Eu ouvi críticas de que nós deveríamos ter suspeitado do suposto envolvimento de Wallis nas escutas telefônicas. Deixe-me dizer inequivocamente que eu não tinha razão alguma para fazê-lo. Eu não ocupava uma posição no mundo do jornalismo. Eu não sabia da extensão desta prática desgraçada e da repugnante natureza da seleção de vítimas que está emergindo agora e nem de seu aparente alcance a níveis altos".
Ele defendeu seu comportamento no cargo e explicou que sua renúncia visa a evitar prejuízos para a ampla investigação policial sobre os grampos e escutas ilegais feitos pelo tabloide britânico, além das denúncias de suborno.
"Eu tomei esta decisão como consequência da especulação e das acusações em andamento em relação com as ligações da Met (Polícia Metropolitana) com a News International em um nível graduado, e em particular em relação com Neil Wallis", disse Stephenson.
"Não é hora de especulação. Mesmo uma pequena especulação sobre meu envolvimento é prejudicial [à investigação]", disse Stephenson, acrescentando que recebeu apoio do governo e que sentirá falta de "muitas coisas".
Neste domingo, alguns meios britânicos publicaram que Stephenson passou cinco semanas em um balneário de luxo e a conta teria sido paga por um jornalista.
A polícia afirma que a fatura foi paga pelo gerente do local, mas não explicou o motivo do generoso presente.
Stephenson reagiu ainda à critica de que a polícia não investigou a fundo as denúncias de grampo da primeira vez que surgiram, em 2006.
Com o agravamento da crise, diante de denúncias de que as escutas ilegais tiveram como alvo também vítimas de crime, familiares de soldados mortos em guerra e até mesmo um primo do brasileiro Jean Charles de Menezes, especula-se que Stephenson e outros trabalhavam para evitar que os grampos fossem investigados a fundo.
"Eu não tinha conhecimento ou envolvimento na investigação original dos grampos em 2006, que levaram de maneira bem sucedida à condenação e prisão de dois homens. Eu não tinha razão para acreditar que foi qualquer coisa que não uma investigação bem sucedida. Eu não sabia que havia quaisquer outros documentos em nossa posse da natureza que surgiram agora", disse.
ESCÂNDALO
Há anos há denúncias e relatos de que repórteres do tabloide acessaram ilegalmente mensagens de telefones de políticos, celebridades e membros da família real para obter informações exclusivas.
Nas últimas semanas, o escândalo ganhou novas proporções com denúncias de que vítimas de crimes e até familiares de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e Iraque foram grampeados. Há ainda relatos de que o tabloide teria pago propina a policiais por informações.
Nesta semana, a comandante da Operação Weeting, que investiga os grampos, Sue Akers admitiu ao Parlamento que apenas 170 pessoas foram contatadas até agora de uma lista de 3.870 nomes, 5.000 telefones fixos e 4.000 celulares.
O "News of The World" pertencia ao grupo News Corporation (News Corp.), um dos maiores conglomerados mundiais de mídia, pertencente a Murdoch.
O tabloide era o jornal mais vendido aos domingos no Reino Unido, com uma circulação média de quase 2,8 milhões de exemplares. Sua última edição, com o título "Obrigado e Adeus", circulou no domingo passado (10), após decisão de Murdoch de fechar a publicação de 168 anos.
O escândalo também teve repercussão nos negócios de Murdoch. Ele se viu obrigado a retirar a oferta de adquirir a totalidade das ações do canal pago BSkyB, da qual já possui 39%.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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