Em novembro de 2009, época em que foi divulgado os “Jogos Paralímpicos de 2016”, constatamos o fato de que a vogal “o” foi suprimida da palavra “Paraolímpicos”. Daí, usuários desse precioso idioma que somos, sentimo-nos questionados: mais uma vez a língua estaria sendo maltratada?Prosseguindo com o impasse, as discussões parecem ganhar ainda mais vivacidade, restando saber as reais intenções de tal fato.
A resposta parece emergir quase que de forma imediata, uma vez que para o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro), fundado desde 1995, a nova mudança operou-se no intuito de o Brasil se igualar mundialmente aos demais países. Assim, diante de tais intenções, estaria o Comitê seguindo adiante e deixando para trás o esquecido “o” de épocas e épocas de permanência, vindo a se transformar em Comitê Palímpico Brasileiro? Ao contextualizarmos essa questão, tudo parece estar perfeitamente nítido, haja vista que não há nada que contradiga: o fato é que tudo isso nada mais é do que o reflexo da globalização sobre a nossa língua, de cujas origens não podemos discordar. Nesse sentido, é bom que se diga que a palavra “paraolímpico” resultou da junção do prefixo de origem grega para (de paraplegia) com o adjetivo olímpico, semelhantemente a tantas outras palavras que compartilham nosso cotidiano linguístico.
Se até as raízes etimológicas foram esquecidas ao soar da nova grafia, outros tantos aspectos acerca da formação da palavra em estudo, porventura não ficarão no esquecimento. Para tanto, à luz de algumas semelhanças entre palavras por nós conhecidas, como é o caso de hidrelétrica e gastrenterologia, percebe-se como algo normal a supressão da vogal final do primeiro elemento. Palavras essas derivadas de gastroenterologia e hidroelétrica. Mas daí, suprimir a vogal inicial do segundo elemento é, no mínimo, inaceitável.
O que se percebe é que, vivenciando fatos norteados por um estilo amplamente sincrônico da língua, precisamos nos conscientizar de que somente o tempo dirá: se eles permanecerão, até se tornarem formalizados, ou se se conceberão como objeto de refutação, pelo menos por boa parte dos gramáticos. Ao menos, por enquanto, prevalece a segunda das alternativas, mesmo porque até para os atletas paraolímpicos trata-se da Paraolimpíadas, Jogos Paraolímpicos, enfim, justamente porque são realizados de forma paralela ao Jogos Olímpicos.
*Graduada em Letras
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