Não são poucos os desafios a serem enfrentados pela ex-senadora Marina Silva, que entra daqui a poucos dias na arena para disputar a Presidência da República com a presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e com o candidato do arco conservador, senador Aécio Neves (PSDB-MG), da coligação PSDB-DEM.
O primeiro desses desafios a ser considerado é que a candidatura de Eduardo Campos não tinha se consolidado como um projeto político para além da chamada 3a Via. E, até vista sob esse enfoque, bastante desgastada pelas alianças pragmáticas que o candidato Campos patrocinou de seu PSB à direita e à esquerda com conservadores, coronéis , peemedebistas e tucanos.
Faltava a ele um programa e um projeto político alternativos aos do PT e do PSDB. E lhe faltava, também, tempo para se tornar conhecido. Daí sua alegria genuína pós entrevista de 15 minutos no Jornal Nacional da 3ª feira, sua primeira chance real de se expor e ser conhecido e reconhecido pelo grande eleitorado que vê o telejornal de maior audiência do país.
Refletir sem se deixar contaminar pelo antipetismo
Deixando de lado as análises e avaliações contaminadas pelo antipetismo ou pior pela ptfobia, que vocês veem o tempo todo nos jornalões e na mídia conservadora, que só pensam e visam tirar o PT do governo, temos que avaliar se há uma maioria real no pais disposta a uma 3a Via. E o principal: ver o que essa 3ª Via, agora liderada por Marina, propõe.
Há que se recordar e refletir, ainda, que num erro primário, raro em Eduardo Campos, ele se aproximou do candidato tucano Aécio Neves e do seu PSDB, apesar da sempre manifesta resistência de sua companheira Marina Silva. Foi ela quem impediu o pior, que a candidatura presidencial e o PSB virassem um simulacro do tucanato, apesar dela não ter conseguido impedir Eduardo de se associar a Aécio nos dogmas econômicos caros ao mercado e ao PSDB.
A questão, ainda, e a ver nos próximos 53 dias até a eleição, é se o nosso povo quer uma 3a Via ou se tem consciência que o PT e o PSDB representam projetos políticos e sociais antagônicos e contrários, que representam interesses e classes no mínimo conflitantes. Nesse sentido a candidatura de Marina é natural, e ousamos afirmar, piora a situação de Aécio e não a da presidenta Dilma.
Para se consolidar, Marina precisa superar mesmo dilema de Campos
Agora, para se consolidar a candidatura dela tem que superar o mesmo dilema que vivia a de Eduardo Campos que, aos poucos e dada sua experiência e audácia, tomava consciência dessa carência e do quanto o PSDB e seu candidato estão ligados a interesses que não representam os da maioria da população do país.
Já o quadro partidário está definido e as alianças regionais idem, gostemos ou não. Por outro lado Marina e o PSB não dispõem de outro nome de projeção e liderança nacional – que não o dela – para a disputa presidencial e muito menos de um nome que os leve a correr mais riscos do que já correm nos Estados onde, com exceção de Pernambuco têm poucas chances de vencer.
A questão, então, é saber como o eleitorado reagirá à candidatura de Marina e o que ela proporá ao país que não se contraponha a realidade da disputa já em curso e das alianças que Eduardo Campos e o PSB construíram para o bem e ou para o mal segundo a ótica de Marina. O desafio de Marina é suprir, pelo menos no imaginário popular, a carência de Eduardo e apresentar ao país um projeto político alternativo ao que governa o Brasil há 12 anos.
Mas, ao mesmo tempo, ou ela o enfrenta e supera, ou corre o risco de se torna, mesmo com sua candidatura, uma linha auxiliar para o tucanato em sua tentativa de regredir o pais a era Fernandista (FHC), alinhando o poder político e o Estado brasileiro de novo aos interesses do grande capital. Começando pelo rural e o financeiro.
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