O candidato do PSB/Rede Sustentabilidade ao Palácio do Planalto, ex-governador pernambucano Eduardo Campos descobriu que tem diferenças com o seu concorrente (???) tucano, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Fez a descoberta depois que Aécio afirmou não haver diferença nenhuma entre eles; que ambos tinham um projeto comum para o Brasil; que estariam juntos em 2015; e que a ex-senadora e candidata a vice-presidente da República na chapa de Campos, Marina Silva protestou e se diferenciou do PSDB.
Campos, então, teve que se retratar. E olha que Marina nem foi tão explícita no protesto nem na diferenciação. O fato, este sim, fora de questão, é que o candidato socialista se rendeu ao capital financeiro e agora faz tudo para disputar com Aécio as graças do grande capital. Até virou paulista. Só faltou vir morar ao lado da FIESP na Avenida Paulista – ele mudou-se do Recife e montou residência no bairro de Moema, na Zona Sul paulistana.
Meio recifense/meio paulistano – é isto, então? – ele passou a prometer tudo: mais juros, mais superávit, corte de gastos, Banco Central (BC) independente, câmbio flutuante. Inventou até um conselho de responsabilidade fiscal e autonomia do Conselho Monetário Nacional (CMN). Chegou a propor inflação de 3% (é certo que, a partir de 2018, promete ele…), verdade tarifária - ou seja, um tarifaço.
Resultado dessas políticas propostas por Campos e Aécio: recessão e desemprego
O resultado dessas políticas o Brasil já conhece: recessão e desemprego. Mas, com elas, Campos renunciou publicamente ao seu passado e ao programa do PSB. Só faltou ser vice-presidente na chapa do Aécio. Mas, o fato é que a realidade se impôs, uma vez que ele tem que disputar com Aécio um lugar no 2ºturno e tem um problema de dimensões gigantescas pela frente: não decola, não sai de 6% / 9% /11% nas pesquisas, enquanto Marina Silva chega a 26% e Aécio a 16% (ou a 22%, mas isso não conta, é naquela pesquisa Sensus manipulada).
Foi essa realidade que obrigou Eduardo Campos agora, depois de tanto tempo de namoro e quase lua de mel com o candidato presidencial do PSDB, a ter um projeto diferente de Aécio e do tucanato. Mas qual é o projeto e Campos para valer, o de agora, ou o de antes? E a última dele, hein?
Ontem, em palestra na Faculdade de Medicina da USP, criticou o programa Mais Médicos mas adiantou que pretende mantê-lo e defendeu um SUS com “padrão inglês”. quem não quer? Mas, Eduardo Campos continua com uma dívida impagável: precisa dizer de onde virá o dinheiro para cumprir isso que promete.
Conflitos inconciliáveis nos Estados
Este episódio Campos de agora, só evidencia e reaviva sua contraditória aliança com Marina Silva, que leva desconfiança ao agronegócio e mesmo ao empresariado. Uma contradição permanente, reforçada pelas disputas regionais e as diferenças entre os dois partidos de sustentação de sua candidatura, o PSB dele e a Rede de Marina, com relação as alianças nos Estados, diferenças provocadas principalmente pelas coligações com os tucanos.
E mesmo com o PT, por exemplo, no Acre, o Estado natal de Marina. A mídia em geral esconde as dificuldades do PSB, inclusive nos Estados que o partido governa. No Espírito Santo e no Amapá, por exemplo, governados pela legenda, a aliança com o PT é que foi decisiva para a vitória em 2010.
No Piauí o PSB já abriu mão do governo e agora apoia o vice do PMDB. E vejam, o partido já perdeu também o Ceará – o governador Cid Gomes deixou a legenda e foi para o PROS. Assim, dentre os Estados que governa no quadriênio 2011-2014 o PSB hoje corre o risco de disputar com chances de vencer apenas em Pernambuco.
Aliados do PSDB em mais de 10 Estados do país, de longa e longa data, começando por São Paulo e o Pernambuco (de Eduardo Campos…), só tem levado às últimas consequências sua política de aliança iniciada nos Estados e, ao mesmo tempo, no plano nacional, seu candidato a presidente da República assumiu as mesmas propostas econômicas ortodoxas do tucanato.
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