No fim de semana, vários jornais pontuaram momentos chaves no funcionamento da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que completa um ano de funcionamento nesta quinta-feira. O Estadão, além de uma retrospectiva de momentos importantes até agora, trouxe uma reportagem imperdível, no Caderno Aliás, sobre a luta de Zuzu Angel (1921-1976) para denunciar o assassinato de seu filho, Stuart Angel Jones.
A matéria recupera a tentativa de Zuzu de entregar, em 1975, ao general norte-americano Mark Clark um dossiê sobre o assassinato de Stuart, preso em 1971 por agentes da CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica).
A carta não chegou ao destinatário. Ela continha o depoimento do preso político Alex Polari de Alverga, entregue a Zuzu, no qual ele descrevia o suplício de Stuart, arrastado por um jipe com a boca perto do cano de descarga do veículo na Base Aéra do Galeão. Trechos da carta podem ser lidos na matéria: "Quando meu amado filho pedia, em sua agonia, 'água, estou morrendo', seus torturadores e assassinos riam e debochavam dele, como fizeram com Jesus na cruz (...) Seu corpo nunca foi entregue a mim, sua mãe. Sinto uma grande e enorme dor”.
Zuzu também relata a reação dos militares após o desfile de moda que ela organizou em Nova York denunciando o que estava acontecendo no país. Escreve: “Após isso, por volta de outubro, os militares espalharam cinicamente por todo o País cartazes de meu filho com o rótulo "PROCURADO". Esses cartazes eram encontrados em toda parte: nos aeroportos, estações, etc. As pessoas costumavam escrever no retrato de meu filho "já foi assassinado", "morto", etc". Ela conta, ainda, que a atriz Elke Maravilha diante de um desses cartazes no Aeroporto Santos Dumont reagiu: “'Covardes, vocês já o assassinaram, como ousam, etc.' “Foi imediatamente presa e levamos uma semana para soltá-la”.
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