"Uma sociedade que marginaliza os jovens não tem futuro" (Papa Bento XVI)
A tragédia da Boate Kiss nos chama após a comoção e a solidariedade que mobilizou o país há uma profunda reflexão e a dura realidade.
A tragédia de Santa Maria foi uma fatalidade, como todas as tragédias são?
Mas a fatalidade é o sintoma de uma sociedade doente, em crise, decadente e que esta entrando em colapso. Tal colapso em que entramos e que não saberemos como sair.
Diante dos 238 corpos exterminados da Kiss naquela madrugada de terror, encontramos o extermínio diário de nossos jovens.
A juventude brasileira está sendo executada diariamente e silênciosamente a mando de um sistema iníquo, onde tudo é mercadoria e fonte de lucro. O lazer se converteu em mercadoria. Onde um empresariado lupem e irresponsável não poupa esforços para instrumentalizar a juventude para viabilizar o lucro, pode ser através do marketing em que somos sumáriamente bombardeados pelas propagandas de roupas de griff, celular de última geração, automóvel do ano...
Além da irresponsabilidade como dos donos da Boate Kiss em que o alvará estava vencido desde 12 de Agosto de 2012, onde fica o tal "sabe com quem você está falando?" e suborná o poder público, os órgãos fiscalizadores e financia as milionárias campanhas eleitorais, além de formar bancadas nos parlamentos.
Vemos a morte diária de nossos jovens no transito,violência policial, conflitos pela terra, debaixo dos viadutos, nas calçadas das cidades, principalmente nas periferias de nossas cidades.
Em que jovens sem perspectivas de futuro caem no precariado mundo do trabalho, nos vícios das drogas, prostituição, tráfico de seres humanos, no submundo do crime, super lotando o precário sistema prisional que não recupera ninguém. Onde se tornam soldados do narcotráfico.
Exercito de reserva do capital, matando outros jovens e sendo eles próprios executados pelo capitalismo quando não lhes serve mais. Em que pobres são jogados uns contra os outros, sendo as maiores vitimas anônimas pobres e negros.
Do outro lado vemos a captura ideológica da parte da juventude de classe média ao paraíso da alienação e da despolitização.
Os episódios da Boate Kiss, Boate República Cromañón (Buenos Aires), Vigário Geral, Carandirú,Eldorado dos Carajás, World Trad Center, as guerras que sacodem o planeta não são fatalidades são atos premeditados como a fome,miséria e pobreza.
Quem não garante que os donos da Kiss não queriam receber uma bolada; e que não receberiam do seguro em caso de um desastre?
Para o capitalismo e o neoliberalismo estas mortes são " válidas e úteis", como escrevia Thomás Robert Malthus (1766-1834), em que as pessoas devem ser reduzidas.
Segundo o capitalismo só deve ficar quem pode consumir no caso 1% da humanidade que irá desfrutar o " Paraíso na terra", " os eleitos", o" pequeno rebanho" usando a metáfora bíblica apocalíptica.
Os outros 99% da humanidade, nós estamos condenados ao inferno, não vamos participar da mesa do banquetes dos eleitos.
Onde não importa a nossa sorte, se morreremos de fome, miséria, epidemias, vitimas do transito, do terrorismo, da violência estatal ou normativa,tragédias climáticas, que tem ceifado milhares de vidas jovens e inocentes num verdadeiro extermínio.
Enquanto isso os poderes públicos (municípios, estados e federal), financiam caches para astros e estrelas da indústria do entreterimento, com verbas que deveriam ser repassadas para a saúde, educação, moradia, trabalho de seus habitantes e para a execução de políticas públicas para a juventude.
Tais financiamentos faz com que a nossa juventude siga falsos valores e viva num mundo alienado do " pão e circo" dos romanos.
A juventude deve começar a pensar e construir um outro modelo de sociedade, que nasça dos de baixo e da juventude que suplante o sistema capitalista e os seus falsos valores que tem causado o extermínio da nossa juventude e de milhões de seres humanos,de vidas inocentes.
A juventude não é só o futuro, ela é o presente da humanidade e da nossa sociedade.
CHEGA DE VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO DE JOVENS
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*Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS
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