Por Nailson Castro |
Neste domingo participei de uma reunião festiva em comemoração a uma vitória vitalícia de um grande amigo. Ex-atleta de reconhecido talento. Profissional de educação física, o primeiro em nosso estado a pós-graduar-se em futebol. Iniciado, experimentado, aperfeiçoado, inspirado pelo futebol. Um amigo de muitos outros bons profissionais que, assim como ele, poderiam colaborar, mas ao perceber que seria em vão tentar mudar pra melhor, optaram por seguir seus próprios caminhos. Meu amigo foi aprovado em concurso federal e agora deixa de vez o futebol de lado, pelo qual tanto se esforçou e nunca foi reconhecido. Estou muito feliz por ele e sua família, mas triste por mais essa perda inexplicável do nosso futebol.
Aliás, por falar em distanciamento definitivo, esse meu amigo sempre se questionou porque nunca teve espaço nos clubes. Porque sempre foi preterido em nome de alguns incapazes(profissionalmente falando), mal intencionados, antiéticos e descomprometidos com o futebol. E eu também pergunto: “Quem escolhe os que trabalham em nosso futebol ?“. Se houvesse alguém com coragem suficiente pra assumir essas escolhas, ofertaria uma longa lista de erros, o que provaria que as escolhas têm sido muito infelizes.
Infelizmente para a minha pergunta, não há resposta personificada. Ninguém assume. Ninguém se compromete. Ninguém quer o fardo. Mas todos continuam no “meio futebolístico”, fazendo e desfazendo sem serem incômodos, sem satisfação, sem responsabilidades. Não há preocupação, mas a certeza de que independente dos resultados, a Vaca Leiteira vai doar leite. O governo do estado vai bancar mais um ano o nosso futebol, seus fracassos e assim, sem cobranças, vamos repetir ano-a-ano o processo de enganação do esporte mais querido.
E como poderíamos mudar isso? Pergunta simples, respostas simples: Com Profissionalismo! Na administração dos clubes, profissionais de administração. No setor comercial, captando recursos do setor privado, profissionais de marketing e venda, com metas e objetivos a serem alcançados. Para o planejamento, empreendedores, capazes de observar, elaborar e respeitar os planos de ações traçados. Para o trabalho de base, pessoas sérias! Para o departamento técnico, técnicos comprovadamente capacitados. Mas seriam essas respostas, sonhos irrealizáveis ? Não ! Sonhos difíceis, mas realizáveis!
Nossos clubes, dois deles centenários, precisam se livrar das ervas daninhas. Esquecer o comodismo e botar a mão na massa, a longo prazo e sem atalhos ou mágicas. Na Vila Municipal por exemplo, a base está camufladamente terceirizada. Quem manda nos atletas, juvenis e juniores(o futuro do time profissional), não tem vinculo algum com o clube. O presidente sabe dos riscos, mas fecha os olhos diante do comodismo financeiro. Nenhum, ou quase nenhum, atleta da base é aproveitado pelo Leão, o que prova que o trabalho é feito erradamente.
No clube da Praça da Saudade, ao invés de mirabolantes contratações, bastaria uma ação conjunta e coordenada entre os muitos abastados sócios, para tirar o clube dessa situação triste. Mas preferem os mágicos, que trazem as estrelas com projetos estapafúrdios, que não conseguem nenhum resultados.
No São Raimundo, o time que representa o bairro e até a região, tem estádio, tem torcedores fiéis, tem patrimônio, tem nome, tem história... Mas também está em mãos erradas. O principal diretor tem boa vontade, mas falta conhecimento específico. O Supervisor tem conhecimento, mas falta recurso e o Tufão não consegue sair do lugar.
O Rolo Compressor é o que mais se aproxima de uma gestão profissional, mas a motivação administrativa do clube está conturbada. Tem que trabalhar para a auto-evolução permanente e não para simplesmente superar o Pai. Quando entenderem isso, o clube vai ser o primeiro a obter os resultados que tantos queremos. Tarumã, Holanda e Sulamérica, na ativa, vão sempre na receita do “bom e barato” e poucos resultados efetivos. Os outros são os outros.
O América de tantas batalhas jogou a toalha depois da queda no tapetão da Série D. Libermorro e Olímpico não voltam !
Aos times do interior, nossos aplausos. Se aqui é difícil, nas cidades do interior é muito mais ! Penarol após hibernação de duas décadas, voltou e conquistou dois títulos. Muito com a ajuda da prefeitura, mas tudo mudou nesse 07 de outubro e não se sabe o que o novo prefeito, o mesmo do período de hibernaç~ao, vai fazer em favor do time.
Princesa do Solimões e Operário fazem de suas torcidas a força motriz para seguir adiante. É pouco, mas é correto. Conseguem mobilizar a cidade, os empresários, os torcedores. Falta estrutura sim, mas o que fazem com tão pouco é brilhante. Grêmio Coariense, que poderia ser o mais poderoso clube do estado, afinal de contas Coari é o maior beneficiado pelo petróleo, estagnou, parou e está em coma. O Iranduba, com seu representante, nos dá amostras de que quer trabalhar corretamente. Vamos torcer para que consigam.
Essa é a nossa triste realidade futebolística. Clubes desestruturados e seus dirigentes sem habilidade para uma reestruturação. Futebol praticado de maneira irresponsável sem compromisso com o profissionalismo, com o trabalho bem feito e muito menos com a formação das gerações futuras. E a esperança vai aos poucos mudando de endereço e buscando outras fontes de renda. Dessa vez foi o meu amigo Ediney Oliveira, que vai pra Lábrea, com emprego federal, garantia de aposentadoria, de férias, de salários pagos em dia. É uma vitória dele, e uma derrota do nosso futebol. Não quer, tem quem queira. E assim como ele, inúmeros profissionais que poderiam colaborar, desistem do futebol pra fazerem sucesso em outras áreas e praças. Não foi o primeiro e nem será o último. A mim, só resta a fé!
Fonte: http://www.correiodaamazonia.com.br/colunas/1235-festa-do-amigo,-l%C3%A1grimas-do-futebol-amazonense
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