Prenderam o Illinoizino (vixe, vixe!), ex-governador de Illinois, nos Estados Unidos. Não é bem assim que ele se chama. Seu nome, na verdade, é Rod Blagojevich (yuck, yuck!), mas numa licença poética vamos batizá-lo aqui com o apelido de Illinoizino para, dessa forma, identificá-lo com o Estado que governou. De sobrenome, encontramos algo ainda mais cabocal, mais "raiz", consultando a origem etimológica da palavra.
Na língua Diné Bizaad, falada pelos índios navajo, Blagojevich significa "dois homens", como podemos ver decompondo os elementos do vocábulo: "blago" é igual a "homens" (em inglês "men"), e "jevich" é o número "dois" (em espanhol "dos"). Portanto, somando os dois pedaços, Blagojevich vem a ser Mendos. Chamemos, portanto, nosso ex-governador de Illinoizino Mendos. Dois homens. Qualquer semelhança com pessoas ou fatos da vida real brasileira é mera coincidência.
O ex-governador foi julgado e condenado por uma série de escândalos de corrupção, entre os quais a gota d'água foi a tentativa de vender o cargo de senador que ficou vago quando Barack Obama assumiu a Casa Branca. As provas foram gravadas pelo FBI, o que levou Illinoizino Mendos a ser trancafiado, na última quinta-feira, na Penitenciária Federal de Englewood, no Colorado, onde vai cumprir 14 anos de prisão. Se tiver bom comportamento, sua pena poderá ser reduzida para 12 anos.
Só mesmo nos Estados Unidos! O ex-governador, de 55 anos, foi preso. Pê-erre-pê, é-esse-ó-só. Pre-so! Mas não se deixou intimidar. O cara é que nem o Maluf. Vestindo camisa esporte, jeans, tênis de marca, entrou na prisão todo sorridente, depois de participar de um reality show com celebridades na TV e de fazer um comício para 300 simpatizantes.
Mas antes de ser enjaulado, Illinoizino Mendos, acompanhado de um séquito de advogados, deu adeusinhos ao público, distribuiu apertos de mão e tapinhas nas costas e ensaiou sorrisos para as câmaras de vários canais de TV, uma delas filmando de dentro de um helicóptero que sobrevoava a penitenciária. Lá dentro, ele encontrou Jeff Skilling, o presidente das Empresas Enron, que cumpre 24 anos de cana por fraude e outros crimes.
Segundo os jornais, no primeiro dia, o diretor da Penitenciária determinou as tarefas diárias de Illinoizino Mendos: limpar banheiro, lavar privada e varrer o pátio. "Uma humilhação" - diz sua mulher Patti, agora sozinha numa enorme mansão com as duas filhas do casal: Amy, de 15 anos e Anne, de 8 anos, que poderão visitar o pai quatro vezes ao mês. Será o único momento em que falará com elas, já que não terá acesso à internet nem a celulares, ambos proibidos.
Mas a família, pelo menos, usufruirá da mansão de Illinoizino Mendos, de quatro andares, que deu o que falar: tem quatro piscinas climatizadas, lago artificial, cascatas, jardins, quadra de esporte, pista de cooper, salas de jantar, de estar, de tv e cinema, torre com elevador panorâmico, salões de jogos e de festas, com piso de vidro grosso comprado na Itália e um heliporto. Fotos dessa mansão, eu já vi em algum lugar.
Fica a pergunta: como o ex-governador amealhou toda essa fortuna? Roubando. No exercício do cargo de governador, levou sempre a porcentagem dele paga pelas empreiteiras. Comprou votos de deputados, cobrou comissão na compra de geradores com superfaturamento, realizou obras sem licitação, loteou obras entre empresas testas-de-ferro, comprou vacinas contra a gripe que nunca foram distribuídas, desviou 1 milhão de dólares para uma escola privada, em troca de grana assinou uma lei desviando rendas dos cassinos para a corrida de cavalos.
As acusações são graves, envolvendo outros crimes: formação de quadrilha, suborno, extorsão, fraude de correspondência e de telegramas, tentativa de subornar o jornal Chicago Tribune com recursos federais, abuso de poder quando tentou liberar 8 milhões de dólares em fundos estatais para o Hospital da Criança esperando embolsar 50.000 dólares para sua campanha, suborno em 2.5 milhões de dólares de empresas e pessoas que tinham feito contratos ou que tinham precatórios estaduais.
E por aí vai, numa lista interminável de crimes. O FBI apertou e deu-lhe um creu. O governador foi cassado, destituído de seu cargo e impedido de se candidatar, sendo finalmente preso. Foram indiciados e presos também cinco "colaboradores" dele: seu irmão Rob Blagojevich, dois chefes de gabinete John Harris e Alonzo Monk, um empresário Christopher Kelly e um levantador de fundos William Cellini.
Uma atenuante existe em favor de Illinoizino Mendos: não há provas de que tenha roubado o leite das crianças ou tenha superfaturado o preço do leite em pó dentro do Programa The Milk of My Son, também conhecido como My baby cow's milk. Também, ninguém ouviu o ex-governador desejar a morte de uma mulher pobre e desabrigada nascida no estado vizinho de Missouri, rival de Illinois, dizendo pra ela: "Then, die! Then, die!". Quanto ao resto, está tudo comprovado.
Illinoizino Mendos é o sétimo governador de Illinois a ser detido ou indiciado e o quarto governador, nos últimos trinta anos, a ser condenado e preso. Esse tipo de crime só acontece mesmo nos Estados Unidos, onde alguns governadores saqueiam os cofres públicos e fazem negociatas. Por isso, lá eles são julgados, cassados e presos. No Brasil, graças a Deus e à Nossa Senhora Aparecida, nós não temos governantes ladrões. Por isso, aqui ninguém é julgado, nem preso. Eu, einh, Rosa!
* Publicado dia 8/03/2012 no Jornal Diário do Amazonas
Na língua Diné Bizaad, falada pelos índios navajo, Blagojevich significa "dois homens", como podemos ver decompondo os elementos do vocábulo: "blago" é igual a "homens" (em inglês "men"), e "jevich" é o número "dois" (em espanhol "dos"). Portanto, somando os dois pedaços, Blagojevich vem a ser Mendos. Chamemos, portanto, nosso ex-governador de Illinoizino Mendos. Dois homens. Qualquer semelhança com pessoas ou fatos da vida real brasileira é mera coincidência.
O ex-governador foi julgado e condenado por uma série de escândalos de corrupção, entre os quais a gota d'água foi a tentativa de vender o cargo de senador que ficou vago quando Barack Obama assumiu a Casa Branca. As provas foram gravadas pelo FBI, o que levou Illinoizino Mendos a ser trancafiado, na última quinta-feira, na Penitenciária Federal de Englewood, no Colorado, onde vai cumprir 14 anos de prisão. Se tiver bom comportamento, sua pena poderá ser reduzida para 12 anos.
Só mesmo nos Estados Unidos! O ex-governador, de 55 anos, foi preso. Pê-erre-pê, é-esse-ó-só. Pre-so! Mas não se deixou intimidar. O cara é que nem o Maluf. Vestindo camisa esporte, jeans, tênis de marca, entrou na prisão todo sorridente, depois de participar de um reality show com celebridades na TV e de fazer um comício para 300 simpatizantes.
Mas antes de ser enjaulado, Illinoizino Mendos, acompanhado de um séquito de advogados, deu adeusinhos ao público, distribuiu apertos de mão e tapinhas nas costas e ensaiou sorrisos para as câmaras de vários canais de TV, uma delas filmando de dentro de um helicóptero que sobrevoava a penitenciária. Lá dentro, ele encontrou Jeff Skilling, o presidente das Empresas Enron, que cumpre 24 anos de cana por fraude e outros crimes.
Segundo os jornais, no primeiro dia, o diretor da Penitenciária determinou as tarefas diárias de Illinoizino Mendos: limpar banheiro, lavar privada e varrer o pátio. "Uma humilhação" - diz sua mulher Patti, agora sozinha numa enorme mansão com as duas filhas do casal: Amy, de 15 anos e Anne, de 8 anos, que poderão visitar o pai quatro vezes ao mês. Será o único momento em que falará com elas, já que não terá acesso à internet nem a celulares, ambos proibidos.
Mas a família, pelo menos, usufruirá da mansão de Illinoizino Mendos, de quatro andares, que deu o que falar: tem quatro piscinas climatizadas, lago artificial, cascatas, jardins, quadra de esporte, pista de cooper, salas de jantar, de estar, de tv e cinema, torre com elevador panorâmico, salões de jogos e de festas, com piso de vidro grosso comprado na Itália e um heliporto. Fotos dessa mansão, eu já vi em algum lugar.
Fica a pergunta: como o ex-governador amealhou toda essa fortuna? Roubando. No exercício do cargo de governador, levou sempre a porcentagem dele paga pelas empreiteiras. Comprou votos de deputados, cobrou comissão na compra de geradores com superfaturamento, realizou obras sem licitação, loteou obras entre empresas testas-de-ferro, comprou vacinas contra a gripe que nunca foram distribuídas, desviou 1 milhão de dólares para uma escola privada, em troca de grana assinou uma lei desviando rendas dos cassinos para a corrida de cavalos.
As acusações são graves, envolvendo outros crimes: formação de quadrilha, suborno, extorsão, fraude de correspondência e de telegramas, tentativa de subornar o jornal Chicago Tribune com recursos federais, abuso de poder quando tentou liberar 8 milhões de dólares em fundos estatais para o Hospital da Criança esperando embolsar 50.000 dólares para sua campanha, suborno em 2.5 milhões de dólares de empresas e pessoas que tinham feito contratos ou que tinham precatórios estaduais.
E por aí vai, numa lista interminável de crimes. O FBI apertou e deu-lhe um creu. O governador foi cassado, destituído de seu cargo e impedido de se candidatar, sendo finalmente preso. Foram indiciados e presos também cinco "colaboradores" dele: seu irmão Rob Blagojevich, dois chefes de gabinete John Harris e Alonzo Monk, um empresário Christopher Kelly e um levantador de fundos William Cellini.
Uma atenuante existe em favor de Illinoizino Mendos: não há provas de que tenha roubado o leite das crianças ou tenha superfaturado o preço do leite em pó dentro do Programa The Milk of My Son, também conhecido como My baby cow's milk. Também, ninguém ouviu o ex-governador desejar a morte de uma mulher pobre e desabrigada nascida no estado vizinho de Missouri, rival de Illinois, dizendo pra ela: "Then, die! Then, die!". Quanto ao resto, está tudo comprovado.
Illinoizino Mendos é o sétimo governador de Illinois a ser detido ou indiciado e o quarto governador, nos últimos trinta anos, a ser condenado e preso. Esse tipo de crime só acontece mesmo nos Estados Unidos, onde alguns governadores saqueiam os cofres públicos e fazem negociatas. Por isso, lá eles são julgados, cassados e presos. No Brasil, graças a Deus e à Nossa Senhora Aparecida, nós não temos governantes ladrões. Por isso, aqui ninguém é julgado, nem preso. Eu, einh, Rosa!
* Publicado dia 8/03/2012 no Jornal Diário do Amazonas
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