Maio passou e deixou no ar a atmosfera mariana que o marca. Ele é também mês das mães, das noivas, das flores, do trabalho. Nele, celebramos a festa de Maria Auxiliadora dos cristãos, uma devoção que veio de tempos violentos de guerras entre cristãos e infiéis pela hegemonia religiosa na Europa. Nos tempos modernos foi assumida por Dom Bosco e seus filhos e filhas.
Convidado para celebrar a sua festa, numa obra salesiana, fui envolvido por uma atmosfera juvenil como poucas vezes acontece. Chegando ao Pró-Menor, instituição já tradicional em Manaus, encontrei-me com mais de mil jovens envolvidos numa gincana mariana. O ambiente era de festa e cada equipe tinha bandeiras de diferentes países, o que lembrava Copa do Mundo, mas também fraternidade universal. As equipes vibravam num espírito de camaradagem tão próprio da juventude. Os jovens que ali passam frequentam cursos profissionalizantes e, em geral, estão em programas de aprendizagem nas empresas de Manaus.
O ambiente não era de escola comum, mas de uma grande família. Além de profissionalização, deu para sentir que ali se vive a alegria da juventude, tempo de sonhos, de ideais, de descobertas, de entusiasmo e generosidade. A pedagogia salesiana era visível na presença tranquila do diretor e dos assistentes e educadores que com o olhar terno e exigente como é próprio de quem ama a tudo supervisionavam e davam segurança, permitindo aos jovens experimentar uma liberdade que leva à realização pessoal quando vivida dentro dos limites da responsabilidade por si e pelos outros.
Sai revigorado na minha fé e na minha esperança, e consciente de que havia testemunhado o reinado de Deus que já está entre nós. Presenciei o presente e o futuro que se encontram nesta idade tão bela e tão dramática. Esqueci, por uns momentos, da realidade trágica de jovens assassinos e assassinados, tomei consciência de que somos nós, os adultos, que, às vezes, nos comportamos como lobos vorazes e destruidores de sonhos e revivi os sonhos de Dom Bosco, sentindo a urgência de priorizarmos crianças e juventude nos nossos planos de pastoral e nas políticas públicas, senti um santo orgulho de ser parte de uma igreja que produz tantos frutos de santidade, de solidariedade e de paz.
Percebi na presença numerosa de jovens que frequentam outras comunidades eclesiais, que na juventude repousa também a esperança de um mundo plural, que respeita diversas expressões culturais e religiosas. Toda a agitação era presidida por Maria, cuja imagem foi trazida com alegria e respeito na procissão que deu início à eucaristia solene, seguida por todos, com respeito e com os silêncios previstos no rito. Senti a responsabilidade de ser pastor e ao mesmo tempo uma gratidão imensa por todos os que gastam suas vidas para que jovens possam viver.
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