Destino de militantes de esquerda marcados para morrer ou daqueles que a repressão tentava transformar em agentes infiltrados, os centros clandestinos fizeram parte da estrutura da repressão montada pelo Estado militar. Na audiência de hoje, Heloísa Starling mostra que o funcionamento desses centros de terror era controlado pelo Centro de Informações do Exército (CIE), vinculado ao gabinete do ministro do Exército.
Relatórios da CNV
Desde fevereiro, a CNV já apresentou três relatórios oficiais: um sobre os centros de tortura em instalações militares; outro sobre o caso Rubens Paiva; o terceiro sobre a Casa da Morte, em Petrópolis; e agora este sobre os centros clandestinos.
Segundo o levantamento, três deles funcionaram em São Paulo. No primeiro, chamado “Sítio”, foram torturados e assassinados Ayrton Adalberto Mortati e Antonio Benetazzo, ambos do Molipo (Movimento de Libertação Popular); Antonio Carlos Bicalho Lana e Sonia Maria de Moraes Angel Jones, da ALN (Ação Libertadora Nacional).
Na “Boate”, que ficava na região metropolitana de Itapevi, foram torturados e mortos seis integrantes do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Seus corpos foram retalhados, amarrados em blocos de cimento e jogados em um rio em Avaré.
Outro centro de horror em São Paulo foi instalado em uma chácara em Araçariguama, onde foram assassinados José Montenegro de Lima e Orlando da Silva Rosa Bonfim Junior, ambos filiados ao PCB.
Hoje, a CNV ouve o depoimento do sargento Roberto Artoni. Ele é uma das principais testemunhas do funcionamento desses centros clandestinos de tortura montados na área do DOI-CODI 2º Exército de São Paulo. Chegou a ser braço direito do capitão do Exército Ênio Pimentel da Silveira, o Major Ney, que figura entre os mais crueis agentes da repressão.
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