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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Filho do ex-presidente Jango fala sobre a Ditadura Militar e a morte do pai


João Vicente Goulart também inaugurou a exposição "Direito à Memória e à Verdade", aberta ao público.

"Lutar pela Pátria não é pouca sorte para ninguém, muito menos morrer por ela". Assim acredita João Vicente Goulart sobre o ex-presidente do Brasil,João Belchior Marques Goulart, o Jango, de quem é filho. A convite da Fundação Cultural de Içara e da professora e escritora Derlei Catarina de Luca, João Vicente visita o município nesta quarta e quinta-feira.

Jango foi o 24° presidente do Brasil, de 1961 a 1964, e deixou a presidência após o Golpe de Estado de 1964, o qual deu início a Ditadura Militar no Brasil, considerado o período mais obscuro da história nacional e que permaneceu até 1985, quando foi restituída a democracia no país. Assim como Jango, João Vicente precisou deixar o Brasil e viver exilado em países vizinhos.

"Saí do país quando tinha sete anos. Como dizia meu pai, 'o exílio deve ser uma invenção do demônio porque mata as pessoas e as deixa vivas'. Não havia condições para voltar ao Brasil, pois sabíamos que Jango seria preso e isolado pelos militares, mas por quê? Por ter lutado pela democracia e pelos direitos do povo? Então, justamente por isso, acredito que meu pai foi vitorioso em sua vida, ele tinha um ideal e sua luta deu certo", destaca João Vicente.

A visita dele faz parte de um ciclo de ações intituladas "Direito à Memória e à Verdade - Ditadura no Brasil 1964-1985". João Vicente também participou de uma entrevista coletiva na tarde de hoje, além de ter inaugurado e visitado a exposição "Direito à Memória e à Verdade", com painéis que contém imagens e informações dos 21 anos de Ditadura. A exposição foi montada na Casa da Cultura Padre Bernardo Junkes, no Centro, e estará aberta ao público de 05 de junho a 31 de julho, das 8 horas às 12 horas e das 13 horas às 17 horas.

Dona Derlei é fundadora e coordenadora do Comitê Catarinense Pró Memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos. Ela também é uma das vítimas das prisões irregulares e torturas praticadas durante a Ditadura. Pelo seu envolvimento com movimentos relacionados a este período histórico, ela conheceu João Vicente.

"A região Sul de Santa Catarina sofreu muito durante a Ditadura, com várias pessoas presas, torturadas e exiladas. Tínhamos a vontade de fazer essa exposição e precisávamos de um nome forte. O filho do último presidente democrático que o Brasil teve antes do Golpe Militar nos pareceu um ótimo nome", afirma a professora entre risos.

João Vicente também comentou o pedido de sua família para que o corpo de Jango seja exumado e passe por novos exames a fim de assegurar a causa da morte do ex-presidente. "João Goulart foi o único presidente democrata morto em exílio e existem muitas suspeitas em torno das circunstâncias de sua morte. No laudo do óbito, por exemplo, consta apenas 'morte por doença', sem mais detalhes. Sem contar que, na época, o caixão não pode ser aberto, entre outros pontos duvidosos. É importante esclarecer essa e outras mortes, são momentos importantes para recordar e, ainda mais, para transmitir aos jovens de hoje e futuras gerações", esclarece.

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