Um dos centros da inteligência brasileira que concentraram o maior número de perseguidos, torturados e punidos arbitrariamente pela ditadura, a Universidade de São Paulo (USP) acaba de criar a sua Comissão da Verdade para examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas pelo regime militar (1964- 1985) contra docentes, alunos e funcionários da Universidade.
A Comissão da USP programa atuar durante um ano recebendo testemunhos, informações e documentos das diversas unidades da instituição. Também poderá convidar para depor pessoas que testemunharam fatos referentes às violações de direitos humanos em suas unidades. Ao final deste período, será elaborado um relatório com o resultado das investigações e encaminhado à Comissão Nacional da Verdade.
Sete docentes integram a Comissão da Verdade da USP: presidente, Dalmo de Abreu Dallari, da Faculdade de Direito; Erney Felicio Plessmann de Camargo, do Instituto de Ciências Biomédicas; Eunice Ribeiro Durham e Janice Theodoro da Silva, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; Maria Hermínia Brandão Tavares de Almeida, do Instituto de Relações Internacionais; Silvio Roberto de Azevedo Salinas, do Instituto de Física; e Walter Colli, do Instituto de Química.
Ustra na Comissão Nacional
E a Comissão Nacional da Verdade (CNV) convocou o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra para depor nesta 6ª feira (depois de amanhã) na sede da CNV, em Brasília. O coronel está sendo chamado para falar sobre crimes contra os direitos humanos de que é acusado de ter cometido durante a ditadura militar.
Seu advogado, Paulo Alves de Sousa, inicialmente adiantou que seu cliente não vai nem pretende depor porque “já foi ouvido em juízo diversas vezes”. Depois voltou atrás e começou a anunciar, pelos jornais, que o coronel Brilhante Ustra comparecerá à sessão desta 6ª da CNV.
Caso compareça, o coronel tem a prerrogativa de ficar em silêncio. Se não comparecer, a CNV poderá encaminhar uma representação ao Ministério Público, que decidirá se enquadra o coronel Ustra por crime de desobediência. Além de Ustra, a CNV convocou, também, Marival Chaves Dias do Canto, ex-analista do DOI-CODI-SP do II Exército em São Paulo. Ele já prestou outros dois depoimentos à comissão.
No último dia 29, o MP denunciou à Justiça Federal Ustra e o delegado aposentado Alcides Singillo, que atuou junto ao DOPS-SP, por ocultação de cadáver, no caso do estudante de medicina Hirohaki Torigoe, de 27 anos, cujos restos mortais estão desaparecidos desde 5 de janeiro de 1972. A defesa de Ustra diz não haver provas contra ele.
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