O acarajé vendido por baianas é uma tradição do futebol em Salvador, tombada pelo Iphan. |
A Fifa informou na última sexta-feira que irá permitir que as tradicionais vendedoras de acarajé que trabalham nas ruas e praças esportivas de Salvador (BA) possam comercializar o produto na Arena Fonte Nova e nos arredores do estádio durante as partidas da Copa do Mundo de 2014.
A posição representa um recuo da entidade em relação à sua postura até então. No começo de outubro, a Fifa informou que, durante a Copa, a comercialização de alimentos nos estádios e arredores seria feita apenas pela empresa que vencer a concorrência promovida pela entidade, cujo resultado deve ser anunciado neste mês. Pelas regras da entidade, que foram incorporadas à Lei Geral da Copa, em vigor desde junho do ano passado, é proibida a presença de ambulantes ou qualquer tipo de vendedor em um raio de dois quilômetros dos estádios da Copa, salvo com a devida autorização da Fifa.
PATRIMÔNIO IMATERIAL
Na última quinta-feira, o MP-BA (Ministério Público da Bahia) divulgara recomendação e estava disposto a ir à Justiça para garantir o direito das baianas do acarajé de comercializar o produto nas ruas e estádios de Salvador.
Na última sexta-feira, então, a Fifa divulgou nota, afirmando que “discute com o Comitê Organizador Local para garantir que os interesses das vendedoras informais, que geralmente vendem o produto dentro do estádio e em seu entorno, sejam incorporados no planejamento do evento (Copa de 2014)”. A nota termina dizendo que deseja que “sejam oferecidas a elas o máximo de oportunidades possíveis de se beneficiar da Copa do Mundo”.
O promotor Ulisses Campos, autor da recomendação do MP-BA para que as vendedoras de acarajá possam trabalhar durante a Copa, recorda que tanto as vendedoras como o comércio são considerados patrimônio cultural pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Por isso, ele entende que, se as baianas não forem envolvidas nos eventos da Copa de 2014, ocorrerá "desrespeito à comercialização de um bem imaterial tombado pelo Iphan desde 2004”.
“Por nenhuma hipótese será tolerada a comercialização do acarajé por outra forma que não a tradicional", o que descarta a hipótese de “qualquer comercialização de acarajé concorrente à das baianas no estádio de futebol ou em suas cercanias, por parte de empresas, em especial empresas oriundas do capital estrangeiro”, defende o promotor.
Apesar de a Fifa dizer que discute a participação das vendedoras tradicionais, a presidente da ABAM (Associação das Baianas do Acarajé e Mingau), Rita Santos, disse que não foi procurada. “Ainda não consegui nem sugerir para a Secopa (Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo) ideias para adequar as vendedoras aos padrões exigidos”.
Ela sugere que sejam dados cursos de segurança alimentar, monitorados por autoridades envolvidas com a Copa, e que as vendedoras com melhor desempenho possam vender o acarajé. Uma petição online pedindo que as baianas não ficassem de fora do Mundial coletou mais de 3.000 assinaturas em poucos dias. (Fonte: Uol).
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