"Vocês todos que passam pelo caminho,atendei e vede, se há dor semelhante a minha dor". (Lm 1,12)
No continente latino americano e nas ilhas do Caribe, bem como nos Estados unidos da América, Canadá, Portugal e Espanha, durante está semana paralelo as festas ufânicas do dia do " Descobrimento da América" e do " Dia da Hispanidade".
Esta ocorrendo o "Grito Continental de los excluídos/as", com o lema " Por Trabajo, Justicia y Vida!".
O continente latino americano e o africano são onde estão os maiores contingentes de crucificados/as pelo sistema capitalista.
O capitalismo não crucifica só as pessoas, mas também a própria natureza, onde a "criação geme e sofre com dores de parto" (Rm 8,22), vitima da ganância das empresas e corporações transnacionais do norte rico.
Há 250 anos o nosso continente de Abya Yala vem sofrendo a exploração, saques, depredação de sua biodiversidade para satisfazer a sede e fome dos donos do poder e dos especuladores e agiotas internacionais.
Temos 124 milhões de pessoas vivendo na linha da pobreza, ao mesmo tempo em que 20% mais ricos tem a renda quase 20 vezes superior á dos 20% mais pobres. Dos 200 milhões de imigrantes, 30 milhões são latino-americanos e caribenhos indocumentados que tem que migrar vitimas de deslocamentos ambientais, militarização, da fome, pobreza, que caem nas redes de tráfico humano para retirada de órgãos, escravidão e exploração sexual, maior parte de mulheres e crianças e que sofrem a discriminação e xenofobia nos países a onde vão.
Nos últimos anos os rostos dos excluídos tem aumentado pela crescente globalização neoliberal e as políticas neoliberais implantadas nos continente nas últimas décadas.
Bem como os megaprojetos como mineração, agronegócio, hidrelétricas, indústrias extrativistas, empreendimentos turísticos que depredam o meio ambiente e violam os direitos humanos e comunitários das populações atingidas como os povos originários e tradicionais.
São milhares de excluídos/as, migrantes, as vitimas da violência, os deslocados e refugiados, as vitimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, enfermos de HIV (SIDA) e de enfermidades endêmicas, os tóxico-dependentes, idosos, meninos e meninas que são vitimas da prostituição, pornografia e violência ou trabalho infantil, mulheres maltratadas, vitimas da exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas com capacidades diferentes, grandes contingentes de desempregados/as, os excluídos pelo analfabetismo tecnológico, moradores de rua, indígenas, agricultores sem terra, boias-frias, mineiros e afro-descendentes. Como jovens sem perspectivas de futuro usados como soldados do narcotráfico e assassinados pelo próprio narcotráfico e que super lotam os presídios.
São gritos de crucificados da globalização e do consumismo desenfreado que chamam a dura realidade em que a ganância desenfreada do sistema capitalista mundial e da civilização moderna, faz com que como o crucificado dizemos aos empresários, magnatas e executivos responsáveis pelas crises atuais e a exploração de nossos povos: "Chorai sobre vós mesmos e sobre os vossos filhos" ( Lc 23,28).
Queremos uma nova globalização, onde haja de fato a civilização da solidariedade entre os povos latino-americanos, caribenho e africano, centrado em novos valores humanistas e socialistas.
Por uma maior integração dos povos latino-americano-caribenho e africanos, não pagamento das pesadas dividas externas aos agiotas internacionais e no combate a fome, miséria, pobreza e na realização de uma ampla reforma agrária e urbana nos nossos países.
E que os ricos assumem a sua responsabilidade diante da exclusão, crucificação de milhões de pessoas latino-americanos, caribenhos e africanos,que gritam e cujo grito não é ouvido pelos donos do poder político e financeiro mundial.
Um outro mundo e continente é possível!
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* Membro da equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS
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