Crescimento de 1,5% no segundo trimestre é superior ao de países como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Ministro vê economia mais dinâmica.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (30) que o Brasil tem possibilidades de voltar a ter um crescimento econômico a uma taxa média anual de 4%, a partir de 2014. Para ele, o bom desempenho previsto poderá vir de um incremento das exportações à medida que começam a surgir sinais de retomada do crescimento da economia internacional.
A economia brasileira cresceu 1,5% no segundo trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior. O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, chegou a R$ 1,2 trilhão no período de abril a junho, segundo dados divulgados hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Esse crescimento, anualizando, representa como se a economia estivesse crescendo a uma velocidade de 6%”, analisou Mantega, em entrevista na sede regional do Banco do Brasil, em São Paulo. Para ele, o desempenho do PIB é bom. “Nossa trajetória é de um crescimento moderado até o final do ano, mas 2014 tende a ser mais promissor.”
No primeiro trimestre, o PIB havia crescido 0,6% em relação ao trimestre anterior. Pelo lado da produção, o principal destaque foi a agropecuária, que teve alta de 3,9% no trimestre em relação ao trimestre anterior. Também registraram crescimento os setores da indústria (2%) e serviços (0,8%).
Na comparação com o segundo trimestre de 2012, o PIB cresceu 3,3%. A economia também teve expansão de 2,6% no acumulado do ano e 1,9% no acumulado de 12 meses.
Mantega citou como base para seu otimismo a retomada da economia nos Estados Unidos, União Europeia e demais mercados consumidores de produtos brasileiros como os parceiros do Brasil no Brics, como Índia, Rússia e China. “Estamos na rota da recuperação econômica, com redução da taxa de juros se traduzindo em um dinamismo melhor”, ressaltou.
As exportações tiveram alta de 6,9%, enquanto as importações subiram apenas 0,6% no período.
Mantega avaliou que a desvalorização do real em relação ao dólar está ligada à expectativa de medidas que podem ser adotadas pelo Fed, o banco central dos Estados Unidos, mas, para ele, o governo tem os instrumentos necessários para controlar a desvalorização da moeda nacional. “As mudanças do Fed causam mudanças no câmbio de diversos países. Nós temos aqui a possibilidade de influir fazendo com que a desvalorização seja menor, caso haja necessidade. Temos muita bala na agulha para moderar a mudança de câmbio”.
O ministro voltou a dizer que, no Brasil, as mudanças acontecem por influência do mercado futuro. “Não é fuga de dólares, significa que temos um país mais sólido, com mais reservas, e que todo movimento ocorre no mercado futuro. A movimentação se deve ao fato de que temos um mercado mais aberto, mais internacionalizado e com mais liquidez do que em outros mercados”, ressaltou.
O crescimento do PIB brasileiro de 1,5% no segundo trimestre é superior ao de países como Estados Unidos (0,6%), Reino Unido (0,6%), Alemanha (0,7%) e França (0,5%). É maior também do que economias menos expressivas como de Portugal (1,1%), Coreia do Sul (1,1%), Japão (0,6%). A expansão da economia é superior à da União Europeia (0,3%). Já Espanha (-0,1%), Itália (-0,2%), Holanda (-0,2%) e México (-0,7%) tiveram queda no PIB no período.
Na comparação com os países do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, o crescimento brasileiro de 3,3% do segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado foi maior do que o da África do Sul (1,2%) e Rússia (2%). A China teve crescimento de 7,5% e a Índia, de 4,4%.
O resultado do PIB do trimestre mostra que o indicador deve ficar próximo a 2% em 2013, segundo Dércio Munhoz, economista e professor aposentado da Universidade de Brasília. Em sua análise, ele se baseia nos últimos quatro trimestres ante o mesmo período imediatamente anterior, quando o resultado foi 1,9%.
Segundo Munhoz, é preciso cuidado ao usar apenas o resultado do segundo trimestre, pois indicadores econômicos de curto prazo têm validade “muito relativa” e não devem mostrar uma tendência. “Até porque estamos no terceiro trimestre, que tem expectativa de que seja muito fraco, o que poderá puxar o indicador do ano para baixo.”
Para o economista, quando é utilizado na avaliação do crescimento da economia o período de quatro trimestres anteriores e não o ano civil [365 dias contados a partir de 1º de janeiro] incorpora-se sazonalidades no cálculo. “Precisamos observar que estão sendo incorporados períodos de safra, períodos de Natal etc. Precisamos fazer uma comparação que amorteça questões sazonais. Este, sim, é um bom indicador”, disse Munhoz à Agência Brasil.
“Então, a tendência é de que o PIB deve ficar em 2% em 2013. Evidentemente, poderemos ter surpresas. Mas se você usar esse indicador, que amortece efeitos sazonais, a tendência é 2%, o que é um bom resultado”, acrescentou Munhoz.
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