Pela 1ª vez em 48 anos após a implantação da ditadura militar e 27 após o seu término, o tenente-coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, o "Doutor Pablo", que atuou na Casa da Morte em Petrópolis, revelou neste fim de semana, detalhes de como funcionou aquele centro de detenção e tortura clandestino. Por lá passaram, foram torturados e executados pelo menos 22 presos políticos nos anos 70.
"Doutor Pablo" afirmou que nada acontecia na casa à revelia do comando do Centro de Informações do Exército (então, CIEx). Ele revela que ali o objetivo era pressionar os presos políticos e quebrar sua resistência para eles mudarem de lado e virarem dedo-duros, informantes infiltrados no regime.
"Doutor Pablo" detalha que cada agente da repressão que "trabalhava" na casa da Morte era responsável por pressionar os presos individualmente. "Para virar alguém, tinha que destruir convicções sobre comunismo. No papo, quase todos os meus viraram. Claro que a gente dava sustos, e o susto era sempre a morte. A casa de Petrópolis era para isso", conta o agente da ditadura.
Usavam jacarés e uma jiboia para torturar
Na continuidade da série sobre matérias da Casa da Morte, Paulo Malhães revela que era dono de cinco jacarés e de uma jiboia capturados na Amazônia e que foram usados para torturar presos políticos no Pelotão de Investrigações Criminais do I Exército, na Tijuca (RJ).
Da Casa da Morte, contou Malhães, que Inês Etienne Romeu, a única presa sobrevivente da casa, saiu viva por um erro dos agentes, que foram enganados quando ela simulou aceitar a condição de agente infiltrada. Ele não contou o que era feito com os que resistiram à pressão para trair.
Diante dessa pergunta, ficou em silêncio e foi aí que contou que nada na Casa da Morte foi feito à revelia dos superiores. As equipes esperavam pela voz do comando, destacou: “Se era o fim da linha? Podia ser, mas não era ali que determinava”, esquivou-se.
Rubens Paiva
A casa de Petrópolis, na Rua Arthur Barbosa 668, segundo Malhães era um imóvel emprestado à repressão pelo então proprietário, Mario Lodders. E não era o único aparelho com esse propósito: “Tinha outros. Eu organizei o lugar. (organizei) Quem eram as sentinelas, a rotina e quando se dava festa para disfarçar, por exemplo. Tinha que dar vida a essa casa. Eu era um fazendeiro que vinha para Petrópolis de vez em quando”.
Ali, segundo Malhães, cada oficial contava com sua própria equipe, que podia incluir cabos, sargentos, policiais federais, delegados ou médicos. De acordo com ele, na maioria das vezes, as equipes trabalhavam com um preso de cada vez na casa. “Eu trabalhei uns cinco ou seis. Às vezes, passava mais de um mês com um”.
Sobre o destino de alguns presos que arquivos ou testemunhas apontam como torturados na Casa, o coronel afirma que o ex-deputado Rubens Paiva não passou por lá. O nome do ex-deputado consta da lista publicada, de 22 desaparecidos que teriam sido mortos depois de passar na Casa. Mas o médico Amilcar Lobo (chamado para reanimar presos já quase à morte após tortura) conta que viu Paiva já quase morto, "reduzido a uma posta de sangue" num quartel do Exército no Rio.
"Você não vai achar desaparecido nunca”, conclui o "Dr. Pablo".
"Doutor Pablo" detalha que cada agente da repressão que "trabalhava" na casa da Morte era responsável por pressionar os presos individualmente. "Para virar alguém, tinha que destruir convicções sobre comunismo. No papo, quase todos os meus viraram. Claro que a gente dava sustos, e o susto era sempre a morte. A casa de Petrópolis era para isso", conta o agente da ditadura.
Usavam jacarés e uma jiboia para torturar
Na continuidade da série sobre matérias da Casa da Morte, Paulo Malhães revela que era dono de cinco jacarés e de uma jiboia capturados na Amazônia e que foram usados para torturar presos políticos no Pelotão de Investrigações Criminais do I Exército, na Tijuca (RJ).
Da Casa da Morte, contou Malhães, que Inês Etienne Romeu, a única presa sobrevivente da casa, saiu viva por um erro dos agentes, que foram enganados quando ela simulou aceitar a condição de agente infiltrada. Ele não contou o que era feito com os que resistiram à pressão para trair.
Diante dessa pergunta, ficou em silêncio e foi aí que contou que nada na Casa da Morte foi feito à revelia dos superiores. As equipes esperavam pela voz do comando, destacou: “Se era o fim da linha? Podia ser, mas não era ali que determinava”, esquivou-se.
Rubens Paiva
A casa de Petrópolis, na Rua Arthur Barbosa 668, segundo Malhães era um imóvel emprestado à repressão pelo então proprietário, Mario Lodders. E não era o único aparelho com esse propósito: “Tinha outros. Eu organizei o lugar. (organizei) Quem eram as sentinelas, a rotina e quando se dava festa para disfarçar, por exemplo. Tinha que dar vida a essa casa. Eu era um fazendeiro que vinha para Petrópolis de vez em quando”.
Ali, segundo Malhães, cada oficial contava com sua própria equipe, que podia incluir cabos, sargentos, policiais federais, delegados ou médicos. De acordo com ele, na maioria das vezes, as equipes trabalhavam com um preso de cada vez na casa. “Eu trabalhei uns cinco ou seis. Às vezes, passava mais de um mês com um”.
Sobre o destino de alguns presos que arquivos ou testemunhas apontam como torturados na Casa, o coronel afirma que o ex-deputado Rubens Paiva não passou por lá. O nome do ex-deputado consta da lista publicada, de 22 desaparecidos que teriam sido mortos depois de passar na Casa. Mas o médico Amilcar Lobo (chamado para reanimar presos já quase à morte após tortura) conta que viu Paiva já quase morto, "reduzido a uma posta de sangue" num quartel do Exército no Rio.
"Você não vai achar desaparecido nunca”, conclui o "Dr. Pablo".
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