Por: Francisco Praciano*
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, fundação pública vinculada ao governo federal, divulgou, há poucos dias, os resultados de uma pesquisa sobre a situação socioeconômica do Estado do Amazonas.
Apesar de termos, aqui na capital do nosso estado, um parque industrial que fatura algo em torno 60 bilhões de reais por ano, os dados divulgados pelo IPEA mostram, friamente, que ainda convivemos com os piores índices de mortalidade infantil de todo o país, sustentamos o vergonhoso número de 648 mil pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e somos o Estado brasileiro que, nos últimos 30 anos, apresentou a menor redução de desigualdade na distribuição de renda. Além disso, somente 34% dos domicílios amazonenses possuem saneamento adequado, isto é, estão ligados à rede de esgoto sanitário e à rede de água e têm seus lixos coletados pelos serviços de limpeza pública.
Na área da educação, segundo o censo 2010 do IBGE, 230 mil amazonenses são pessoas analfabetas, assim consideradas por terem mais de 15 anos de idade e não saberem ler ou escrever um simples bilhete.
Ao citar os recentes dados do IPEA e do IBGE para o Amazonas, não posso deixar de mencionar, também, o relatório publicado em dezembro de 2010 pela Advocacia-Geral da União (AGU) que apontava o Amazonas como o campeão das ações ajuizadas contra prefeitos, ex-prefeitos e servidores públicos, com base em condenações do Tribunal de Contas da União.
As pesquisas do IPEA, do IBGE e da AGU mostram a relação direta entre os nossos péssimos índices socioeconômicos e os desvios de recursos públicos praticados por muitos dos nossos governantes locais que, a cada ano, nos deixam mais perto de um outro título, tão vergonhoso quanto o de campeões da corrupção: o título de campeões nacionais da baixa qualidade de vida, do subdesenvolvimento econômico e da miséria.
* Publicado na terça-feira, 22 de novembro de 2011, no Jornal Dez Minutos.
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