Durou 18 horas o julgamento dos réus do homicídio da líder comunitária Maria das Dores dos Santos Salvador Priante, a "Dora". Adson Dias Silva foi condenado a 20 anos e Ronaldo de Paula da Silva, ambos em regime fechado. "Dona Dora", como era conhecida, foi sequestrada, torturada e assassinada em agosto de 2015.
A sentença foi lida às 6h deste sábado (25), pela juíza Vanessa Leite Mota, titular da 1ª Vara da Comarca de Manacapuru.
A condenação de Adson, a 20 anos de reclusão, foi com base no art. 121, parágrafo 2º (homicídio qualificado), incisos II (motivo fútil), III (com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum), IV (à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido) e V (para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime), todos do Código Penal Brasileiro (CPB).
Ronaldo de Paula da Silva foi condenado a 19 anos de reclusão, tendo sido enquadrado no art. 121, parágrafo 2º, incisos I (mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe), III e IV do CPB. De acordo com a juíza que presidiu o julgamento, foi negado o direito dos condenados de apelar em liberdade.
O julgamento foi realizado no Plenário da Câmara Municipal de Manacapuru, município que faz parte da Região Metropolitana de Manaus, uma vez que a Comarca não teria o espaço físico necessário para comportar um julgamento com um grande número de testemunhas – 15 ao todo, arroladas pela acusação e defesa -, além dos dois réus, dois promotores de Justiça, um assistente da acusação, advogados e familiares da vítima. Adson e Ronaldo estão presos em Manaus e foram escoltados até Manacapuru para o julgamento, que estava marcado para começar 9h de sexta-feira. Mas houve demora na chegada dos apenados e o júri foi iniciado com mais de 2h30 de atraso.
A ação tinha sido julgada procedente em junho de 2016. Em declaração perante a autoridade policial, Ronaldo de Paula da Silva confessou que fora contratado por Adson Dias para auxiliar no sequestro da vítima.
O caso
Maria das Dores dos Santos Salvador Priante, ou "Dona Dora" como era conhecida, foi encontrada morta em agosto de 2015, no km 52 da Rodovia AM 070, que liga Manaus a Iranduba.
Líder da Comunidade Portelinha, localizada em Iranduba, a mulher foi sequestrada, torturada e assassinada. Ela foi retirada a força de casa na noite do dia 13 de agosto por um grupo de homens armados. De acordo com as investigações, o assassinato foi motivado por conflitos agrários entre o acusado de ser o mandante do crime, Adson Dias, e a líder comunitária.
A vítima já havia registrado três boletins de ocorrência, sendo dois por ameça e um por injúria, segundo a polícia. Ela também havia registrado ameaças que vinha sofrendo à Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).
Fonte: http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2017/03/reus-de-assassinato-de-lider-comunitaria-sao-condenados-no-am.html