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quinta-feira, 13 de março de 2014

Sociedade brasileira: 50 anos de uma relação “mal resolvida” com o golpe de 64


"A relação da sociedade brasileira com esse golpe é um caso mal resolvido.” O diagnóstico é do historiador Jorge Ferreira, ao analisar o grande número de livros e debates sobre o tema e a persistência da questão no meio da sociedade brasileira. Ele o apresentou no 1º dia do seminário “1964: 50 anos depois”, promovido pelo CEBRAP – Centro Brasileiro de Análises e Pesquisas.

O seminário, iniciado nesta 3ª feira, prossegue até amanhã no Teatro Anchieta e tem uma última sessão programada para o próximo dia 25. Jorge Ferreira foi direto ao foco central da questão, que também tem sido muito levantada por historiadores, especialistas, e acadêmicos, inclusive pelo jornalista Elio Gaspari, autor da tetralogia Ditadura (Envergonhada, Escancarada, Derrotada e Encurralada), considerado um dos mais completas radiografias da ditadura militar brasileira.

Todos têm colocado que nunca antes na história do país um fato na história brasileira continuava tão intensamente discutido meio século depois quanto o golpe militar que instaurou a ditadura no país a 1º de abril de 1964. Lembram que nem mesmo a proclamação da República, em 15 de novembro de 1989, nem a Revolução de 1930, no final daquele ano, no século passado, vistas como duas das intervenções que mudaram radicalmente a vida do país, eram tão debatidas 50 anos depois.

Aos que vêm questionando as razões da discussão sobre 64 persistir tão intensa e tanto tempo depois, Jorge Ferreira pode ter dado a resposta agora: a má relação dos brasileiros com o golpe, o fato de a nação nunca ter engolido nem digerido aquela quartelada. Bom que seja mesmo debatido, com tanta força e paixão, para que nunca mais se repita. Nem como farsa, uma vez que foi uma farsa já na primeira vez.

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