Os integrantes da Comissão Estadual da Verdade fluminense foram proibidos de visitar o quartel do Exército onde funcionou na ditadura o DOI-CODI, no Rio, antigo 1º Exército, hoje Comando Militar do Leste. O quartel é o 1º Batalhão da Polícia do Exército (BPE), na Tijuca. Seu comandante, tenente-coronel Luciano, recebeu a comissão, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) - que em 1977 esteve preso no DOI - e dois deputados estaduais do PT carioca, Gilberto Palmares e Robson Leite. Mas informou cumprir ordens e não permitiu a visita.
O Comando Militar do Leste divulgou nota oficial na qual alega que a área, do Exército, está vinculada ao Ministério da Defesa e não se subordina à Lei Estadual 6335/2012, que criou a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro. Fácil, então, resolver o impasse: basta a Comissão Nacional da Verdade acompanhar a Estadual.
Melhor, mesmo, é tombar o prédio e transformá-lo em museu ou numa escola. Atendendo, assim, a um movimento que já existe nesse sentido no Rio. O que não pode é um centro de memória como este ser, de repente, vedado a visitação pública, em última instância à sociedade. Ou as Forças Armadas acham que que há lugar, prédio ou dependência no Brasil que os brasileiros não podem ter acesso? O que querem esconder?
Durante a reunião com o comandante, além de Valente, dois ex-presos políticos que passaram pelo DOI, Álvaro Caldas e Cecília Coimbra, contaram para o militar as torturas que sofreram no local. "Lamento profundamente", afirmou o oficial, segundo relato de Cecília Coimbra. Após o encontro, o comandante Militar do Leste, general Francisco Carlos Modesto, convidou a comissão para uma reunião no Palácio Duque de Caxias, antiga sede do Ministério do Exército (que até 1965 se chamava Ministério da Guerra).
Nenhum comentário:
Postar um comentário