sábado, 20 de outubro de 2012

PT mantém-se como grande força política no Pará

João Batista
Na eleição municipal deste ano no Pará, o PT manteve uma situação de "equilíbrio" em relação ao número de prefeituras paraenses que ocupava (24 neste 1º turno). Já o governo tucano estadual não pode dizer o mesmo: os partidos da base que o apoiam sofreram uma queda expressiva quanto ao número de prefeitos e vereadores que tinham no Estado.

A avaliação é do presidente regional do PT-Pará, João Batista, nosso entrevistado de hoje na sequência da série de entrevistas que estou publicando com lideranças estaduais do PT sobre o resultado das urnas no 1º turno. No Pará haverá 2º turno na eleição na capital, Belém, no dia 28 próximo.

João, como ficamos neste 1º turno no Pará?

[ João Batista ] Quando o PT perdeu o governo do Pará em 2010 (governadora Ana Júlia Carepa), todos diziam que seríamos massacrados nestas eleições municipais. Mas, isso não aconteceu. Não apenas mantivemos o equilíbrio, como permanecemos vivos e fortes no Pará. Em 2008, nós obtivemos 27 prefeituras (tínhamos 17 em 2004) e ganhamos mais duas com eleições-tampão, ficando com 29 ao todo. Agora, em 2012, nós fizemos 24 – quatro por conta de problemas judiciais dos nossos adversários.

Nós prevíamos uma dificuldade enorme nas urnas deste ano. Quando terminamos as eleições de 2010, tivemos um grande cuidado para não transformar a avaliação daquele pleito em uma caça às bruxas. Começamos 2011, estabelecendo como objetivo principal permanecermos entre as três principais forças políticas do Estado (PMDB, PSDB e PT). E conseguimos.

Veja que o Pará tem 140 municípios. Nós tivemos candidatura própria em 56 deles, 35 com reais chances de vitória e ganhamos em 24. Frente à situação que ficamos após a perda do governo do Estado, não tínhamos condições de ter candidatura própria em todas as cidades. Houve um esforço muito grande para convencer vários companheiros de que não teríamos viabilidade financeira, estrutural, para bancar todas as campanhas e de que era melhor fazer alianças.

O problema central foi a perda de cidades importantes que já governávamos como Santarém, por exemplo. Não prevíamos perder em Concórdia, onde fizemos uma excelente administração. Mas, no geral, vencemos em cidades médias e pequenas e conquistamos duas cidades muito conservadoras, Bragança e Augusto Correa (Nordeste do Pará). Uma maior e outra menor, mas ambas historicamente anti-esquerda e anti-PT. Retomamos, ainda, Cametá, berço da Cabanagem, onde já havíamos governado (2001-04) e agora, ali, tivemos uma vitória muito bonita de um trabalhador rural, pescador e vereador pelo PT, o Irácio Freitas Nunes.

Como ficamos em relação às Câmaras Municipais?

[ João Batista ] Crescemos. Em 2008, havíamos elegido 176 vereadores do PT – seis saíram do partido, ficamos com 170 -, e agora fizemos 181. Nosso objetivo era fazer vereador em todas as cidades do Estado. Creio que passamos de 100 dos 140 municípios.

Agora, teremos 2º turno em Belém. Na região metropolitana o PSDB saiu muito fortalecido, ganhou inclusive em Ananindeua já no 1º turno. Em Belém será uma disputa dura. Edmilson Rodrigues (PSOL) obteve 32,50% dos votos e Zenaldo Coutinho (PSDB), 30,91%. Discutimos nosso apoio ao Edmilson dentro de três eixos: que se estabeleça uma relação de respeito; que tenhamos um enfrentamento com o governo tucano do Pará; e apoio em outras capitais do país. Não vamos pautar participação no governo, mas apoiá-lo com base nesses eixos.

Além do PSDB, como ficou a situação da oposição na região?

[ João Batista ] Durante o governo Ana Júlia (PT), na campanha municipal de 2008, todos os nossos aliados à época cresceram em número de prefeituras. O PMDB tinha 30 prefeituras em 2004 e fez 40 em 2008; o PR tinha 5 e fez 17; os demais também cresceram, PDT, PSB, PP… Todos os partidos da base do governo Ana Júlia foram tratados de forma respeitosa, ajudados neste sentido, cresceram e saíram vitoriosos naquele ano.

Agora, nestas eleições de 2012, os tucanos praticamente atropelaram seus aliados, os partidos que hoje estão na base do governo deles (governador Simão Jatene). O PMDB que tinha 40 prefeitos caiu para 27, o PR caiu para 14, o PDT ficou com apenas 2 prefeituras. De todos os partidos, quem cresceu foi o PSD composto pelo pessoal que saiu do DEM e como é novo, obviamente, não tinha nenhuma prefeitura e conquistou. Mas, os partidos da base aliada que estavam conosco em 2008, e agora estão com o PSDB, foram todos atropelados e enfrentados. Eles bateram muito.

Esse resultado vai provocar, certamente, um momento de muita tensão na base do Estado, com o governo do PSDB. Há uma irritação muito grande dos partidos da base frente a forma como eles foram tratados pelos tucanos nesta campanha. Para nós o resultado não foi o sucesso que esperávamos, nem a derrota que eles previam. Mas, no geral, há um equilíbrio entre nós e a oposição na região. O PSDB cresceu, mas nós cumprimos nosso objetivo. O PT continua entre as três principais forças políticas do Estado.

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