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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Você prefere dinheiro ou picadinho? - Frederico Passos

Todos sabem que a profissão de prostituta é a mais antiga do mundo. E, por vezes, incompreendida e mal remunerada. Mas, a prostituta ou seu termo redutor, a “puta”, tem causado incomodo e transtornos nas cabeças de muitos marmanjos. Muitas vezes, a puta inebria e embriaga a mente de milhões e milhões de homens carentes de atenção, de afeto, de colo, de carinho, de massagem no pé e de cafuné.

Em Amsterdã, na Holanda, por exemplo, ser puta é uma profissão como outra qualquer. Lá, todos os direitos sociais são assegurados pelo Estado a elas, inclusive a aposentadoria, com locais determinados e exclusivos para exercerem sua lide. Nesse país, as putas contribuem para o desenvolvimento do Estado, pois pagam tributos como qualquer holandês. Lá, a puta é tratada como mercadoria pelos seus clientes e como cidadã pelo Estado. Eta putaria gostosa, OPS!

No Brasil, o país do moralismo míope, onde os inquisidores do bom comportamento são flagrados em relações promíscuas com o crime organizado, deve-se esperar de tudo. Aqui, a profissão de puta não é regulamentada. Pelo contrário, diversos eufemismos foram criados para esconder o nome dado historicamente a essa profissão.

Garota de programa, por exemplo, pode esconder, dos desavisados, que se trata de uma jovem bonita e inteligente, que entende de balé clássico e dança de salão, por isso, está trabalhando no Domingão do Faustão. Ou pode se tratar de uma assistente de palco do Sílvio Santos, do Luciano Huck, do Pânico, do Raul Gil, do Chacrinha, do Bolinha etc. Mas não é nada disso! Aqui, neste país tupiniquim, garota de programa não é radialista, nem apresentadora de programas de TV. Aqui, garota de programa é puta mesmo!

Acompanhante de luxo é outro eufemismo criado pelos brasileiros para designar a histórica profissão de puta. Imaginem só um sujeito que chegou agora ao Brasil e fala para a recepcionista do hotel que deseja, urgentemente, uma acompanhante de luxo. Ele, em sua miraculosa imaginação, antevê uma mulher extremamente elegante, usando uma bolsa da Hugo Boss, um vestido Armani, um sapato Constança Basto, um colar de brilhante no pescoço e um cabelo da Gisele Bündchen. E para completar, o sujeito, normalmente um executivo de multinacional, pensa no que dirá aos amigos quando estes descobrirem que sua “namorada” é poliglota, que fala cinco idiomas: inglês, francês, russo, alemão e mandarim. E assim, de súbito, a acompanhante de luxo chega ao quarto e diz ao “viajante”:

– Você ainda não está nu? Tire a roupa imediatamente! Meia hora custa R$ 3.000,00. E é sem beijo na boca, hein!

O sonhador fica boquiaberto, sem entender nada, apenas vendo frustradas todas as suas expectativas. Depois de uma pequena discussão, manda a mulher embora. Esta lhe diz que há uma multa contratual. E, assim, ela não sai sem que lhe seja paga a multa correspondente a 50% do valor anteriormente acertado. Em seguida, a acompanhante de luxo sai, alegre e sorridente, do seu local de trabalho com R$ 1.500, sem ter feito nenhum esforço. É, caros leitores e único amigos, esse delivery é extremamente oneroso!

Ainda bem que não sou usuário desse tipo de serviço. Mas, caso algum dia me aconteça de ficar solitário e necessitar da companhia dessas mulheres, vou preferir as putas clássicas. Essas que nos falam ao ouvido no centro da cidade:

– Vamos fazer amor, bebê? É só R$ 30, e ainda com beijo na boca!

É isso que chamo de profissionalismo! Por isso, vou lhes dar um bom conselho: recentemente, alguns homens descobriram que puta gosta de dinheiro, ainda que pouco. E garota de programa gosta de picadinho! Cuidado, estas adoram japoneses, nissei, sansei. Chega, cansei!

Este país não é sério. Aqui, prostituta se apaixona, traficante se vicia e cafetão sente ciúme
(Tim Maia)

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