quinta-feira, 28 de junho de 2012

A Espanha quebrou. É só questão de tempo.

 
O presidente do governo da Espanha, primeiro-ministro Mariano Rajoy, do conservador PP, admitiu o que todos já sabem há muito: o país não conseguirá se financiar por muito mais tempo. Uma lástima para o governo Rajoy, eleito há apenas sete meses (em novembro pp.) e já repudiado majoritariamente pela população espanhola.

Nesta 4ª feira (ontem), Rajoy explicou no Congresso dos Deputados que com as taxas de juros cobradas pelos mercados, a Espanha simplesmente não poderá mais obter financiamento por muito tempo. "Hoje é muito difícil obter financiamento e será pior se não divulgarmos uma mensagem clara de que levamos a sério o saneamento das contas públicas e a redução do déficit", desabafou e floreou o chefe do governo espanhol.

Hoje, antes da Cúpula da União Europeia, em Bruxelas (Bélgica) - e do jogo Alemanha x Itália, que manopolizou as atenções dos chefes de Estado e de governo ali reunidos - Rajoy apelou novamente: “temos que resolver o problema da sustentabilidade da dívida porque tudo isto não serve para nada se não podemos obter financiamento”.

Merkel, a sra. austeridade recalcitrante
Tem razão, e ainda bem que sua angústia é reconhecida e compartilhada por seus pares chefes de Estado e de governo da UE, exceção da sempre recalcitrante primeira-ministra da Alemanha, Ângela Merkel.

Nesta cúpula de hoje em Bruxelas ela foi a única dentre eles que não deu o braço a torcer e não reconheceu que o pacto pró-austeridade, firmado em março exclusivamente em cima dessa política, precisa ser renegociado e mudado para incluir também a prioridade ao crescimento econômico.

Comprometida com a troika - União Europeia, Banco Central Europeu e FMI - a Espanha tem de reduzir seu déficit público para 5,3% do PIB neste ano (ante os 8,9% de 2011). Mas, as taxas de juros recordes para obter financiamentos nos mercados, acima de 6,8%, estão dificultando, quase impossibilitando o atendimento ao compromisso.

Quem paga a conta?

Tudo indica que nem mesmo a ajuda de 100 bi de euros, prometida pelos países da UE, para salvar os bancos espanhóis poderá minimizar a crise. E quem paga por isso, obviamente, é a população.

Pelos últimos levantamentos do Eurostat, o escritório europeu de estatísticas, a Espanha amarga hoje uma taxa de desemprego de 26% entre a população economicamente ativa e de 52% entre os jovens de 15 a 24 anos.Isso se estes índices não se agravaram...

Diante deste quadro e da declaração de Rajoy nesta 4ª feira, qual foi a resposta da sra. “auteridade”, a chanceler Ângela Merkel? A Espanha sempre soube não haver "soluções fáceis" para a Europa, respondeu ela.

Enquanto isso, em Bruxelas...

Em meio a mais dissensos do que consensos, os líderes europeus iniciaram nesta 5ª feira reunião que vai até amanhã em mais uma cúpla da UE. Nestas 48 horas, eles pretendem debater saídas para a crise da zona do Euro, e mais urgentemente para as da Espanha e da Itália.

As propostas debatidas vão desde uma maior integração fiscal, econômica e bancária dos 17 países da UE, passando pela definição de políticas que estimulem o crescimento e o emprego e chegando até a aprovação de um pacote de estímulos de 200 bilhões de euros.


Sem unidade e em meio aos impasses, surgem até propostas polêmicas como a da criação de uma espécie de “superministério” de Finanças sob o comando de Bruxelas com poder sobre os orçamentos dos 17 países que compõem a UE.

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