Por Júlio Lázaro Torma*
No dia 28 de Janeiro, celebramos o aniversário de Santo Tomás de Aquino, o " Doctor Angelicus" o pai da boa teologia.
Tomás de Aquino nasceu entre 1224-25, em Roccasecca, no Reino de Nápoles, filho do Conde Landolfo de Aquino e de Teodora de Teata de origem normanda. Foi o caçula de sete irmãos.
Ainda pequeno foi batizado pelo Papa Honório III ( 1216-1227), aos cinco anos é enviado para o Mosteiro de Montecassino, onde era abade o seu tio paterno Sinibaldo entre 1230-1239.
Aos 14 anos vai a Nápoles estudar artes liberais na Universidade, e tem contato com a Ordem Dominicana e ingressa no convento dominicano desta cidade, onde veste o hábito dominicano em abril de 1244. Em maio quando ia a Roma foi seqüestrado pela familia e retido no Castelo de San Giovanni Campano, onde ficou preso até o verão de 1245.
Casos de prisões, eram freqüentes como havia ocorrido com São Martinho e São Francisco de Assis (1181-82-1226), para faze-los abandonar a vocação.
Na época entrar para a Ordem dos Freis Dominicanos não era de bom grado para as famílias tradicionais. Como Tomás era nascido em berço nobre, fora mandado pelos pais a celebre abadia de Montecassino, a mãe do monaquismo ocidental, onde deveria ali realizar seus estudos e logo em seguida vestir o hábito beneditino.
Tomás não excitou, tornando-se frade da nova ordem dos pregadores. Optou por uma vida além de carente de grandeza histórica da vida monacal, parecia, a muitos suspeita de uma série de heresia.
Retorna para o convento de Nápoles e é enviado para Paris onde fica até o verão de 1248, para terminar o noviciado e continuar os estudos. Foi discípulo de Alberto Magno, que estava nesta época lecionando em Paris. Quando chegou em Paris já tinha duas obras escritas no ramo filosófico escrito no confinamento de Roccasecca," De fallaciss e De propositionibus modalibus".
Em 1248 a 1252 estuda em Colônia junto a Alberto Magno, cuja influência sobre o jovem Tomás foi imensa especialmente no tocante a preparação filosófica, foi ele que introduziu na filosofia de Aristóteles.
Em Colônia escreveu comentários sobre os Livros de Jeremias e Lamentações, como bacharel bíblico.Ordena se presbítero em 1250-51.
Retorna a Paris em 1252, como bacharel sentenciário cargo que exerceu por quatro anos até 1256. Nesta época surge a polêmica na Universidade de Paris entre os mestres seculares e mendigantes (dominicanos e franciscanos).
Escreve as obras: " De ente et essentia" e " De principiis naturae ad fratrem Sylvestrem", aparece o seu primeiro livro" Scriptum superquatour libris Sententiarum Magistri Petri Lombardi (1254-1259). Recebe o título de mestre em 1256, mas não pode ocupar a sua cátedra até agosto de 1257, neste período escreve as " Quaestiones disputatae De veritate".
Retorna a Nápoles em 1259 e vai em 1261 para a corte Papal em Orveto (1261-65), Roma (1265-67) e Viterbo (1267-68), durante os pontificados de Urbano IV e Clemente IV. Onde se encontra com Guilherme de Moeberk, tradutor das obras gregas para o latim, provavelmente em Roma ou Viterbo. Neste período escreve as obras " Summa contra Gentiles", a primeira parte da " Summa Theologiae" e as " Questiones disputatae De malo", " De potentia" e " De spiritualibus creaturis".
No inicio de 1269, retorna a Paris, onde ocupa pela segunda vez na Universidade de Paris, até 1272. Neste período surge o segundo conflito entre os mestres seculares e os mendigantes, aparece o " aristotelismo heterodoxo", nas classes da Faculdade de Artes.
Surge os comentários de Tomas sobre Aristóteles:" Super Physicam"," Super Metaphysicam"," Sententiae libri Ethiecorum" e " Sententia super de anima", entre outros escritos polêmicos:" Questio disputata De anima", " De aeternitate mundi contra murmurantes" e " De unitate intellectus contra averroistas. Quanto aos comentários Tomás fez a reeleitura principalmente das obras de Aristóteles, Boécio e Pseudo Dionísio.
Disputa com os averroistas de Siger de Brabante e os aristotélicos radicais e tem dificuldade com o agostianismo neo platônico, defendido pelos mestres franciscanos.
No ano de 1272, parte de Paris e retorna a Nápoles. Assiste em 1273 o capitulo da Ordem em Florença, sendo encarregado de instalar um Studium Generale (estudo geral) em Nápoles.
Durante a Quaresma deste ano prega os seus sermões sobre o Credo, sobre o Pai Nosso, sobre a Ave Maria e sobre o Decálogo. Continua a redigir o" Compendium Theologiae", iniciada em 1269, que ficou inacabado. Escreve o opúsculo "De substantiis separatis" e inicia a escrever a terceira parte da " Summa Theologiae", que ficou incompleta.
Escreve dois ensaios filosóficos de grande valor " De Ente et Essentia" ( Sobre o Ser e a Essência) e o " De Reimine Principum " (Sobre o Governo dos Principes) á pedido do príncipe de Malta.No primeiro fala de Metafísica e no segundo fala da Política.
O Papa Gregório X, o convoca para participar do Concilio de Lyon, junto com São Boaventura de Bagnoregio. No dia 6 de Dezembro de 1273, teve uma alta visão de Deus e, apartir dessa data negou-se a prosseguir a sua obra teológico-filosófica, a onde queria " queimar os seus escritos".
Morre aos 48 anos, a caminho de Lyon ( França), no dia 7 de março de 1274, no Mosteiro cisterciense de Fossanova.
Ainda em vida viu as suas obras sendo colocadas sob suspeita de heresia, pelo uso das obras de Aristóteles, que chegaram no Ocidente via os árabes.Onde a primeira condenação ocorre em 1270.
O Bispo de Paris e conselheiro da Universidade Étienne Tempier, instigado pelo Papa João XXI, começa a fazer a limpeza da Universidade, onde condena em 1277, as teses de Averróis. São condenados 219 teses de Tomás de Aquino e dos partidários arrostas e avicenitas.
As teses censuradas eram antiverroistas, dos embates entre Tomás e o averroistas. O Papa João XXII o canonizou em 1323, o Bispo de Paris Étienne Bourret (1324), anula em parte as condenações as obras feitas por Tempier.
O pensamento tomista não foi bem aceito pelos seus contemporâneos como Alberto Magno, Siger de Bradante e Roger Bacon. Ele de forma original promoveu o diálogo de tradição cristã (Sagrada Escritura, Patrística, Magistério eclesial), com a filosofia grega de Aristóteles. Foi um homem moderno no seu tempo sem sair da Igreja, onde dialogou com a ciência de seu tempo e sofrendo perseguições dos conservadores.Onde aprendeu com os mulçumanos aquilo o que ofereciam.
Santo Tomás de Aquino" o boi mudo", nos ensina de que a Teologia para ser verdadeira deve saber estar aberta ao diálogo com o mundo e a realidade de seu tempo.NO ano de 1879 o Papa Leão XIII, incentiva o estudo da teologia de santo Tomás de Aquino, nos seminários e conventos, o que prossegue com São Pio X, e depois pelo Concilio Vaticano II.
Bibliografia
Bataioli, Antônio:" O Pensamento de Santo Tomás de Aquino",UCPEL, 1990.
Sgarbossa Mario, Giovanni Luigi:" Um Santo Para Cada dia"; Ed Paulus,São Paulo, 2005
Mondin Battista: Curso de Filosofia, V 1, Ed Paulus, São Paulo, 2005
Boni de Luis: Filosofia Medieval,sem nome da editora ou data
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* Membro da Equipe da Pastoral Operária ( Arquidiocese de Pelotas/ RS)
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